A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo a expectativa de alta das vendas no varejo em 2022, de 1,3% para 1,2%, um ritmo semelhante ao observado nos últimos três anos. Em setembro, a Confederação já havia reduzido esse percentual de 1,7% para 1,3%. A projeção se dá por conta da queda do volume de vendas de 0,1% em agosto, apontada pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC). Os dados divulgados hoje (7 de outubro) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam a terceira queda consecutiva do índice, abaixo inclusive da perspectiva da CNC, que projetava variação positiva de 0,3% em relação a julho.
Embora a maior parte dos segmentos pesquisados pelo IBGE tenha apresentado crescimento, o declínio registrado pelos ramos de artigos farmacêuticos (0,3%), artigos de uso pessoal e doméstico (1,2%) e informática e comunicação (1,4%) levou, na média, as vendas para o campo negativo. Os destaques positivos mensais ficaram por conta de vestuário (13%) e de combustíveis e lubrificantes (3,6%).
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a alta de 1,6% interrompeu uma sequência de três meses de retrações nessa base comparativa. Passados quase dois anos e meio desde o início da crise sanitária, o volume de vendas no varejo em agosto segue apenas 1,1% acima do patamar observado em fevereiro de 2020.
“No quadro geral, o percurso de retomada transcorre de forma semelhante nos diferentes segmentos do varejo, uma vez que quatro das dez atividades comerciais avaliadas pelo IBGE, principalmente nos ramos considerados essenciais, já conseguiram recuperar o nível de vendas de antes do início da pandemia”, contextualiza o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Crédito mais caro reduz financiamento
Na média, os preços dos produtos comercializados pelo varejo, mensurados pela PMC, foram reajustados em 13,1%, nos doze meses encerrados em agosto deste ano. Por sua vez, os valores no atacado, avaliados por meio do Índice de Preços ao Produtor (IPP), também do IBGE, avançaram 18,5% no mesmo período. Isso revela um grau de retenção de 29% nos repasses ao preço final para os consumidores.
“Com o processo de encarecimento do crédito, segmentos dependentes do consumo mediante financiamento já percebem um ritmo mais lento das vendas e apresentaram quedas acumuladas ao longo de 2022, na comparação com os oito primeiros meses do ano passado”, aponta o economista da CNC Fabio Bentes. Conforme os levantamentos mensais do Banco Central, a taxa média de juros das operações com recursos livres aos consumidores, que era de 53,93% em agosto deste ano, está no patamar mais elevado desde abril de 2018, quando chegou a 56,27%. Por conta disso, móveis e eletrodomésticos reduziram as vendas em 9,9% e o ramo de venda de veículos e autopeças também teve evolução negativa de 1,4%.
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