Acredita que a relação Brasil e Peru pode ser intensificada?
Existe, entre nossas autoridades, um compromisso real de promover os contatos entre os nossos países, não apenas para um mútuo aproveitamento das potencialidades econômicas e comerciais, mas principalmente de reconhecer que temos um potencial ainda maior na integração dos nossos povos. Somos países irmãos, países que compartilham uma extensa fronteira comum e, nessa fronteira, temos uma série de desafios e preocupações que são reais e afetam o cotidiano das pessoas.
Temos que favorecer a integração para nos conhecermos mais e tomar consciência de que, juntos, podemos enfrentar melhor as circunstâncias adversas. Além de aproveitar o que representa o Brasil não só o mercado brasileiro, mas a projeção deste país poderoso e de economia tão importante para mundo. Para nós peruanos é uma tremenda oportunidade aproveitar um mercado de mais de 200 milhões de pessoas, com uma série de situações que beneficia ambas as economias por serem complementares. Nossas condições estão presentes e, para nós, há muito interesse. O governo peruano, o setor empresarial brasileiro e peruano e todos os segmentos vinculados ao turismo em ambos os países têm interesse real em aproveitar as ajudas mútuas e esforços para desenvolvimento conjunto.
Como ampliar parcerias e negócios entre os países?
Acho que a parceria entre os setores privados e os setores públicos de cada país é essencial. O empresário do setor privado é o gerador de riqueza e desenvolvimento, o empreendedorismo privado é heroico. Creio que um dos principais desafios diz respeito às situações burocráticas. Justamente por conta dessas barreiras burocráticas, há certo distanciamento. Acredito que essa sinergia entre privado e Estado é essencial para que o Estado não perca de vista quais são as ajudas que o setor privado requer para fluir com dinamismo.
Como avalia a proximidade com o Acre e a possibilidade de ofertar os destinos de forma conjunta?
Trocamos muitas experiências com especialistas do turismo do governo do Acre e, principalmente, da Fecomércio-AC, do Sebrae no Acre e da Promperu (Comissão de Promoção do Peru para a Exportação e o Turismo). Eles demonstraram as vantagens da colaboração, de trocarmos boas experiências e de trabalhar produtos turísticos que serão benéficos para ambos.
Aqui no Acre, há belezas naturais impressionantes, além de condições para o turismo de vivência nas comunidades, e é importante que a divulgação das ofertas seja feita pelas agências de turismo de ambos os países. As oportunidades para os turistas que visitam o Peru são inúmeras: antes de eles irem ao Peru, podem fazer uma parada no Acre e vice-versa: o peruano que quiser visitar o Brasil e ir ao Mato Grosso, por exemplo, tem que ter disponível a oferta do destino Acre.
Quais são as suas expectativas para o relacionamento dos dois países nos próximos anos?
Eu espero que o investimento dos governos para a criação da Carretera Interoceánica [Rota Turística Internacional Amazônia-Andes-Pacífico] resulte em uma utilização plena que facilite o contato e a troca entre os nossos países. Vejo um futuro promissor, na medida em que nossas autoridades e empreendedores privados realmente assumam como deles este sonho desta via de contato, que pode ser um canal efetivo de geração de oportunidades de comércio, de turismo e integração dos nossos povos.
* Entrevista realizado pela Fecomércio-AC para a editora Turismo e Hospitalidade da revista CNC Notícias