*por Luiz Carlos Bohn
Estamos vivendo um desastre sem precedentes no Rio Grande do Sul. Uma centena de vidas perdidas, de valor inestimável.
Quase 170 mil pessoas já tiveram que deixar suas casas e 70 mil já se encontram em abrigos comunitários. Se estes refúgios formassem uma cidade, ela já estaria entre as 30 maiores do Estado, com população superior a 94% de nossos municípios.
O momento é de auxílio emergencial, com ações para resgatar, abrigar e assistir as famílias afetadas. Isto é prioridade, para atenuar o impacto de curto prazo do desastre. O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac vem realizando diversas ações humanitárias neste contexto, mantendo abrigos, realizando serviços e distribuindo doações.
Sem concorrência com estas iniciativas, no entanto, precisamos começar a pensar na recuperação. Os impactos de médio e longo prazo das enchentes poderão ser ainda mais graves. Apenas as perdas patrimoniais das famílias devem passar de bilhões de reais. Somadas à destruição de infraestrutura e às perdas das empresas, que limitarão a capacidade produtiva gaúcha daqui para frente, elas significarão um peso a ser carregado durante muito tempo.
Em primeiro lugar, já podemos concluir que o volume de recursos necessários para a reconstrução de patrimônio, público e privado, está em um patamar que apenas as finanças públicas federais conseguem atingir. Assim como os gaúchos prestam seu auxílio permanente ao restante do País, neste momento de catástrofe, nós precisaremos de ajuda. Em segundo lugar, precisamos lembrar que uma recuperação sustentável depende da geração de renda e da manutenção de emprego para as famílias gaúchas. E isso, por sua vez, passa pela capacidade das empresas atingidas retomarem suas atividades.
Inúmeras empresas sofreram, além da interrupção de receitas, perdas devastadoras, incluindo edificações, máquinas, equipamentos, mobiliário e estoques. São ativos essenciais, que permitem a produção e a geração de renda para centenas de milhares de gaúchos. Por isso, estamos solicitando ao poder público, nas três esferas, diversas medidas, desde flexibilizações de normas até auxílios financeiros diretos, para possibilitar às empresas atingidas uma retomada célere. Serão estas empresas que sustentarão nossa recuperação.
*Luiz Carlos Bohn é presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac-RS
Artigo originalmente publicado no Jornal do Comércio em 09 de maio de 2024