O Dia do Pantanal, comemorado nesta quinta-feira (12), foi lembrado por senadores. Além de chamar a atenção para a data, escolhida em alusão à morte do professor e ambientalista Francisco Anselmo de Barros, eles abordaram as dificuldades enfrentadas em 2020 em razão do alto número de focos de incêndio.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Fabiano Contarato (Rede-ES), afirmou não ver motivos para comemoração. De acordo com o parlamentar, o mês de outubro registrou novo recorde no número de incêndios no Pantanal. Ele citou números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que apontam 2.856 focos de incêndio no último mês.
“Entramos na Procuradoria-Geral da República pedindo que o governo federal mande as Forças Armadas para controlar o fogo na região e execute um imediato plano de combate a incêndios. O Pantanal precisa urgentemente de políticas específicas e efetivas de preservação e proteção”, disse pelo Twitter.
Localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Pantanal é considerado a maior planície alagada contínua do mundo, com 140 mil km² em território brasileiro. A região é considerada Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Para o senador Carlos Fávaro (PSD-MT), o Pantanal foi desafiado ao máximo em 2020, mas não pode ser associado somente à imagem das chamas. Na visão do parlamentar, a data comemorativa marca a esperança de que não haja mais cenas desoladoras como as registradas neste ano e também a necessidade de reforçar o compromisso por um Pantanal sustentável.
“O Pantanal não se resume às chamas. O Pantanal é também a alma do mato-grossense, é o estilo de vida pantaneiro, fauna e flora. O Pantanal é economia, turismo, qualidade de vida e, se trabalharmos juntos, poderá ser também exemplo para o mundo de desenvolvimento sustentável”, disse o senador pelas redes sociais.
Comissão
A situação dos incêndios no Pantanal motivou a criação de uma comissão externa para acompanhar as ações de enfrentamento às queimadas. Instalada em setembro, a comissão tem feito audiências públicas e diligências no local, além de trabalhar na elaboração de um projeto de lei com normas gerais de proteção ao bioma, o chamado Estatuto do Pantanal.
“Temos uma meta muito clara a ser perseguida: fazer um estatuto de forma rápida e eficiente para o bioma, que contemple mudanças na lei, parcerias com universidades e instituições de pesquisa e monitoramento e, claro, compensações e proteção aos que dependem do bioma: pantaneiros, ribeirinhos, quilombolas, indígenas e produtores”, explicou o presidente do colegiado, senador Wellington Fagundes (PL-MT), pelo Instagram.
Para ele, apesar de o pior já ter passado, os senadores não podem ficar de braços cruzados. A previsão é de que a comissão trabalhe até dezembro.
Francelmo
Também integrante da comissão temporária, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que a região abriga mais de 4,5 mil espécies. Para ela, o Pantanal é único e precisa ter sua importância ecológica e econômica exaltada.
“Comemorado desde 2008 e oficializado neste ano, o Dia do Pantanal homenageia a maior área úmida continental do planeta e também o jornalista Francelmo, que dedicou 25 anos à luta pela preservação do Pantanal”, publicou a senadora no Instagram.
Conhecido como Francelmo, o jornalista e ambientalista Francisco Anselmo de Barros morreu no dia 12 de novembro de 2005 num protesto contra as ameaças que o bioma sofria. Francelmo ateou fogo ao próprio corpo. Desde então, a data é lembrada como Dia do Pantanal e marca a luta pela preservação da região.
Fonte: Agência Senado