Turismo é um dos maiores geradores de desenvolvimento econômico do mundo

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O doutor em Turismo e diretor de Gestão do Conhecimento e Inovação no Turismo de Portugal, Sergio Guerreiro, participou do Sicomércio 2023 e falou sobre o turismo como vetor de desenvolvimento econômico

“O turismo nos últimos 80 anos foi talvez a atividade econômica que mais cresceu no mundo”, afirmou Sergio Guerreiro, doutor em Turismo e professor da Nova School of Business and Economics (SBE), em Lisboa, Portugal, na abertura do terceiro e último dia do Sicomércio 2023, evento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em Brasília, de 12 a 14 de julho.

Guerreiro ressaltou que em 2019, antes da pandemia de covid, o mundo alcançou a marca de 1,4 bilhão de turistas em viagens internacionais, sem contabilizar o turismo doméstico, aquele que ocorre dentro dos países, além de representar 10% do PIB mundial e um em cada dez empregos gerados, segundo dados da Organização Mundial do Turismo (UNWTM – https://www.unwto.org/).

A pandemia foi catastrófica para o setor, que teve a circulação de pessoas limitada em todo o mundo, com uma queda média de 71% na chegada de turistas em 2020. Mas, em 2022, após a queda que quase zerou o turismo mundial, o setor mostrou uma recuperação de 63%, em relação a 2019, e já alcançou 900 milhões de turistas internacionais. “O turismo é uma atividade que está em profunda transformação pós-pandemia e tem sido um dos setores a se recuperar mais rapidamente”, avaliou o especialista.

Atividade exportadora

Sergio Guerreiro falou sobre a multiplicidade de atividades relacionadas ao turismo, destacando que o setor movimenta desde a agricultura a eventos culturais e que é a terceira maior atividade exportadora, com a geração de US$ 1,7 trilhão em 2019, representando 28% das exportações mundiais.

Ele lembrou que participou do lançamento nacional do Vai Turismo (https://vaiturismo.com.br/), projeto que a CNC está desenvolvendo desde 2021, em que comentou a necessidade de planejamento em longo prazo e de envolvimento da gestão pública e da iniciativa privada para que não haja falhas na cadeia de valor e para que o destino possa ter competitividade. “No receptivo, cada pequeno serviço oferecido pode afetar a percepção do turista. Só em conjunto conseguimos fazer a diferença. Estamos vivendo uma transformação global, o turista procura vivências diferentes, intangíveis, não basta uma boa comida, precisa ter uma experiência, um contato humano, uma história ou enredo no entorno para que o turista, ao voltar para casa, diga que a viagem foi fenomenal”, enfatizou Sergio.

Competitividade internacional

“Não existem dúvidas de que o turismo vai se recuperar, a pergunta é: como?”, observou Sergio Guerreiro. A competitividade entre os destinos é muito grande diante da profissionalização do setor, o que pode ser um desafio para destinos menores, sem planejamento ou investimentos no setor. Para Guerreiro, priorizar o turismo como atividade econômica é pensar quanto do orçamento do país ou da cidade é investido no setor, seja no planejamento, na infraestrutura, na renovação e criação de atrações, na tecnologia, na sustentabilidade, seja também em facilitar a entrada das pessoas, ou seja, não criar barreiras para receber os turistas.

O especialista falou sobre Portugal, que é considerado o 16º destino mais desenvolvido do mundo pelo Fórum Econômico Mundial, o que representa ser um destino competitivo internacionalmente que trata o turismo como atividade estratégica na economia do país. O tratamento dado ao setor, tanto no planejamento quanto na priorização de investimentos, tem como retorno 24,6 milhões de chegadas de turistas internacionais (2019), 69,4 milhões de diárias na hotelaria e outras unidades de alojamento turístico (2022) e uma receita de 21,1 bilhões de euros (2022). A participação do turismo no PIB de Portugal, em 2022, chegou a 15,8%.

“Portugal é hoje um país competitivo, e o turismo é uma atividade respeitada, sendo este um avanço dos últimos cinco anos”, destacou Guerreiro. As mudanças envolveram muito conhecimento de mercado, planejamento e investimentos tanto público quanto privado, “mas principalmente privado, até porque simplificamos muito, nos últimos anos, o ambiente de negócios”, acrescentou.

O Brasil ocupava a 49ª posição no mesmo ranking do Fórum Econômico Mundial, com dados de 2019, que avalia o desenvolvimento do turismo e a competitividade. Porém, Guerreiro ressaltou que, entre os potenciais do País, está o fato de ser o terceiro do mundo em recursos naturais e o décimo em recursos culturais, dizendo que é preciso avançar no ambiente de negócios, na estabilidade para investimentos, na qualificação dos profissionais e dos serviços turísticos. “Existe um grande potencial, e é possível trabalhar de forma eficiente”, concluiu.

 

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