CNC reúne empresários e especialistas para apresentar prática recomendada de ESG

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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) promoveu o lançamento da norma Prática Recomendada ABNT PR 2030 – ESG, apresentando a aplicação das diretrizes sob a ótica do setor terciário. O evento neutro, com as emissões de gases de efeito estufa devidamente compensadas por créditos de carbono, foi realizado na sede da entidade no Rio de Janeiro, no dia 22 de junho, com a participação de especialistas que exibiram exemplos de boas práticas e técnicas de aplicação da diretriz em seus negócios. Todos os painéis tiveram mediação da assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Fecomércio-SP, Alexsandra Ricci.

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A abertura ficou a cargo da diretora corporativa da CNC, Fernanda Casanova, falando em nome do presidente da instituição, José Roberto Tadros, que exaltou a relevância do evento e a visibilidade dada a um tema “cada vez mais presente e importante no universo empresarial”, destacando que o processo de implementação das práticas ESG é ”uma jornada de aprendizado constante e uma oportunidade de impulsionamento de negócios com agregação de valor estratégico para as empresas”.

Já Sérgio Henrique, gestor das Representações da CNC, ressaltou a versatilidade da Prática Recomendada ABNT PR 2030 – ESG, por ser “inclusiva, ou seja, aplicável a todos os tipos de organização, independentemente do seu tamanho e setor de atividade”.

No painel “Afinal, o que é ESG pelo viés do mercado financeiro?”, o professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF) Júlio Vieira Neto realizou uma apresentação sobre os fundamentos de ESG, definido como “lidar de forma estratégica diante da ótica de risco frente aos desafios relacionados aos aspectos Ambientais, Sociais e de Governança”.

Júlio destacou ainda que o tema ESG não é algo imediatista, mas sim “uma estratégia de longo prazo”, enfatizando também a sua importância de integrar a temática a todo o ecossistema do negócio. Do ponto de vista financeiro, o professor ressaltou a relevância da transparência dos fatores ESG aplicados na empresa, muito cobrada por clientes, investidores e stakeholders. “Me parece que a auditoria, no futuro, será substituída pelo pela due diligence (devida diligência). Os próprios investidores vão conferir as materialidades que hoje as empresas estão levantando”, avaliou.

Na sequência, Fernanda Ramos, analista de Sustentabilidade da CNC, apresentou o tema Olhar do Setor Terciário para o ESG, pontuando questões como a mudança de visão do mercado, especialmente dos investidores, para os conceitos de “investimentos responsáveis, de impacto e socialmente responsáveis”.

Fernanda apresentou o case da marca de chocolate Dengo, cujo modelo de negócio tem foco em valores socioambientais desde a sua fundação. Concentrando sua produção na tradicional região cacaueira de Ilhéus, a empresa investiu na valorização da agricultura local, por meio da remuneração justa dos pequenos produtores, e na preservação das florestas originais do sul da Bahia. Exemplo do segmento turístico, o Senac Barreira Roxa, hotel do Sistema Comércio instalado no Rio Grande do Norte, é o primeiro hotel do Brasil a ser certificado pela Fundação Green Destinations pelo trabalho realizado nas áreas de sustentabilidade e combate à transmissão de doenças virais.

Apresentando a Prática Recomendada, tema do evento, Nelson Al Assal, diretor de Normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), explicou a importância dos padrões para o negócio, visto que eles “nos ajudam a resolver problemas”.

Compartilhando o processo de composição da Prática Recomendada ABNT PR 2030 – ESG, que começou a ser desenvolvida em 2022 com a colaboração de uma comissão de estudos com mais de 240 membros e foi pautada em normas internacionais, Al Assal ressaltou que “grandes empresas têm seus departamentos focados em ESG, mas as pequenas e médias precisam de orientações padronizadas”. Ele também ressaltou as oportunidades viabilizadas com base nas práticas ESG, conferindo mais “acesso a investimentos, créditos, novos mercados e capital humano”.

Já Patrícia Bittencourt, gestora de Projetos da Vice-Presidência de Tecnologia e Sustentabilidade do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secovi-SP), apresentou o painel Jornada ESG no Secovi-SP (A Casa do Mercado Imobiliário), com comentários sobre as ações aplicadas pelo sindicato, incluindo programas de capacitação e debates realizados internamente, tendo o primeiro passo sido o “letramento e engajamento dos colaboradores e associados sobre a temática”.

Patrícia reforçou que “os negócios estão suscetíveis a riscos de reputação, de desempenho, de saúde financeira e de continuação, mas também há oportunidades que podem ser aproveitadas por um olhar estratégico, com foco no ESG”. A formulação de um guia com práticas básicas, intermediárias e avançadas envolvendo tópicos como uso consciente da água, da terra, manejo de resíduos sólidos, gestão de fornecedores e relacionamento com a comunidade faz parte do trabalho realizado pelo Secovi-SP.

Finalizando a apresentação, Sérgio Henrique citou ainda o fato de o Brasil sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), em novembro de 2025, em Belém do Pará. “É um dos eventos ambientais mais importantes do planeta. Mais do que nunca, a CNC se movimenta para organizar a comitiva empresarial do Sistema Comércio para participar e levar a nossa contribuição às discussões, através do Grupo de Trabalho Técnico do Meio Ambiente, no qual temos representantes das Federações, sindicatos e empresários”, encerrou.

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