Especialistas discutem entraves e soluções para o crescimento econômico do Brasil, com foco no ajuste fiscal, produtividade e segurança pública, durante o CNC Global Voices
O evento Caminhos do Brasil, promovido pelos jornais O Globo, Valor Econômico e Rádio CBN, aconteceu durante o CNC Global Voices, em São Paulo, reunindo especialistas para debater o futuro econômico do Brasil na próxima década. A iniciativa, com patrocínio do Sistema Comércio por meio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do Sesc, do Senac e de suas Federações, contou com Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander; Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos; e Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG. A mediação ficou por conta de Malu Gaspar, colunista de O Globo, e Sergio Lamucci, editor executivo do Valor Econômico.
O debate abordou questões como equilíbrio fiscal, produtividade e segurança pública. Mansueto Almeida destacou o impacto do descontrole fiscal. “Se a gente não tiver uma concordância, um consenso como sociedade de que a gente precisa ser mais duro com crescimento do gasto público, eu não tenho dúvida, a gente vai ter que aumentar a carga tributária”. Ele também pontuou que, mesmo com controle de gastos, será necessário ampliar a arrecadação para atender às demandas nacionais, dada a realidade de um país de renda média como o Brasil.
Ana Paula Vescovi reforçou a importância de diagnósticos claros para embasar reformas estruturais. “O ponto de partida para toda reforma estrutural de curto prazo é fazer um diagnóstico claro da situação como caminho para chegar a uma proposta de solução”, disse ela. Já Caio Megale enfatizou que “o problema básico do Brasil são despesas públicas elevadas, rígidas e que crescem automaticamente a uma taxa muito alta.” Ele também afirmou que “um ajuste fiscal é o que precisamos para pensar em um futuro otimista”.
Além disso, Megale alertou para a rigidez do orçamento público, que dificulta ajustes fiscais. “O que esperamos desse ajuste fiscal é menos se (o País) vai economizar R$ 20 bilhões, R$ 25 bilhões ou R$ 30 bilhões no ano que vem e mais que as regras [para gastos obrigatórios] sejam ajustadas. O problema é que, nos últimos três anos, essas regras pioraram”.
“Se houver um mínimo de esforço fiscal, que nos leve por um caminho correto, o Brasil tem tudo para melhorar o ambiente de negócios”, completou Mansueto.
Por fim, Vescovi ressaltou a necessidade de estabilizar a dívida pública para construir um cenário de longo prazo positivo. “É o momento de termos um diagnóstico claro do principal tema macroeconômico: permitir uma estabilização da dívida e construir um cenário de longo prazo positivo”.
Os economistas avaliam que o Brasil tem perspectivas promissoras, fortalecendo-se como fornecedor de commodities em um cenário global de maior demanda por alimentos e insumos energéticos.
Mansueto Almeida destacou avanços recentes. “O Brasil melhorou e estamos melhorando”, disse, mencionando reformas e novos marcos regulatórios, como a concessão dos serviços de água e esgoto, que ampliará o acesso ao saneamento básico. Ana Paula Vescovi enfatizou o potencial do País, ao dizer que “o Brasil está muito bem posicionado para o futuro. Como vamos chegar lá, depende de nós”.
Além das questões fiscais, o evento destacou a urgência de investir no aumento da produtividade do trabalhador e na segurança pública, prevenindo a perda de oportunidades econômicas no futuro.