O turismo brasileiro aumentou seu faturamento e gerou mais empregos em 2019. O ICV-Tur – índice da pesquisa elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em parceria com a Cielo – registrou o melhor desempenho do setor desde 2017, com aumento de 2,2% no faturamento real ante o ano anterior, totalizando R$ 238,6 bilhões (acréscimo de R$ 5,1 bilhões). Foram criados 35.692 novos postos de trabalho, com alta de 1,2%, em relação ao total de empregados do setor em 2018.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, explica que o setor de turismo acompanhou, no ano passado, a gradual recuperação da economia do País. “Como previsto, o faturamento do turismo acompanhou os indicativos de alta em 2019, em sinergia com a performance esperada para a economia”, avalia.
O economista da CNC responsável pela pesquisa, Antonio Everton Junior, observou que o faturamento do turismo ao longo da primeira metade de 2019 apresentou oscilações, influenciado pela incerteza do rumo da economia e pelas dificuldades de aprovação da reforma da Previdência. Comportamento diferente aconteceu a partir de agosto, quando as medidas de incentivo ao consumo com a liberação dos recursos do FGTS, a queda dos juros em compasso com estabilidade inflacionária e o aquecimento do mercado de trabalho impulsionaram as vendas. “Interessante destacar que o faturamento em dezembro (R$ 23,3 bilhões) ficou acima de janeiro (R$ 22,0 bilhões) e julho (R$ 20,2 bilhões), indicando forte dinamismo do setor, principalmente, no final de 2019”, destacou.
Os consumidores têm optado por refeições fora de casa, deslocamentos em viagens e serviços de hospedagem, de acordo com o ICV-Tur CNC. Juntos, os segmentos de Restaurantes e Similares (53,3%), Transporte de Passageiros (26%) e de Hospedagem e Similares (11%) foram responsáveis por 90% das vendas turísticas, com valor em torno de R$ 216 bilhões.
Em 2019, todos os segmentos de serviços turísticos indicaram aumento de vendas em relação a 2018. Transporte de passageiros (5,3%) foi o que apresentou a maior elevação, seguido de Hotéis e Similares (3,3%). O Sudeste se destacou no faturamento do País, com vendas no montante de R$ 147 bilhões. A região respondeu por 61,6% do faturamento do setor turístico no ano passado, seguida pelo Sul (15,9%) e pelo Nordeste (12,6%). O Estado de São Paulo liderou, respondendo por 40,5% do faturamento no País.
Alexandre Sampaio, diretor da CNC que coordena o Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, afirma que, apesar de suas riquezas naturais, as regiões Norte e Centro-Oeste têm fatores que impactam a movimentação de vendas do setor, como menor densidade populacional e distância das áreas mais demográficas. “No Nordeste, por exemplo, pode ter havido retração em alguns segmentos, em função do problema ambiental com derramamento de petróleo”, esclarece Sampaio.
Geração de empregos
De acordo com a pesquisa da CNC baseada nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o emprego no turismo cresceu pela segunda vez consecutiva em 2019, em patamar bem superior a 2018. Há, hoje, 2,9 milhões de trabalhadores no setor, sendo 67% nas atividades de hospedagem e alimentação. A já citada elevação de 1,2% no estoque de trabalhadores foi resultado da criação de 35.692 novos postos de trabalho, configurando aumento de 163,6% em relação às vagas de 2018. A elevação não compensou, entretanto, o déficit registrado entre 2015 e 2017.
De acordo com o economista da CNC Antonio Everton, a evolução do setor, no que se refere à empregabilidade, tem acompanhado o dinamismo do mercado de trabalho em geral. “Dos grupos desse segmento, o único a revelar diminuição das contratações foi Transporte de Passageiros, em decorrência das demissões dos modais ferroviário e rodoviário”, explica o especialista, sublinhando que a região Sudeste também exerce liderança na abertura de postos de trabalho do setor.