O comércio varejista brasileiro deve registrar queda de 7,7% em 2020, de acordo com projeção da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em números absolutos, o prejuízo é estimado em R$ 170,1 bilhões. Os setores que tiveram as operações restringidas, como forma de conter a proliferação do coronavírus, devem responder por 92% da baixa nas vendas.
Além disso, no decorrer do ano, 202.744 estabelecimentos varejistas devem fechar as portas, dos quais 196.989 são Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs). Com isso, o número de pessoal ocupado no setor deve ser reduzido em 979.206 em 2020.
As estimativas foram feitas com base nos dados apurados de janeiro a junho deste ano pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), organizada pela Federação, levando em conta o pagamento do auxílio emergencial até o mês de setembro – embora prorrogado até o fim do ano pela Medida Provisória (MP) 1.000/2020, a extensão do benefício, no valor de R$ 300, ainda deve ser avaliada pelo Congresso Nacional.
Sem a injeção do auxílio emergencial, a análise indica que as vendas no varejo despencariam 14,6% neste ano em todo o País.
De todo modo, a projeção de queda de 7,7% se deve ao aumento acima do esperado da taxa de desemprego, que atingiu 12,4% em junho. Em consequência disso, além da queda na renda das famílias, espera-se um menor aporte no décimo terceiro salário, o que prejudica o varejo no quarto trimestre, período responsável por 30% das vendas.
A análise aponta que 53% do prejuízo estimado para o ano (R$ 90,1 bilhões) foram registrados no primeiro trimestre. Com isso, apesar da reabertura gradual dos estabelecimentos comerciais, a baixa no segundo semestre ainda será considerável (R$ 80 bilhões), correspondendo a 47% do total, em decorrência do aumento do desemprego, da apreensão dos consumidores para circular nos centros comerciais e do baixo nível de confiança na economia.
De acordo com o levantamento, as atividades restringidas pela pandemia devem cair 22,6% em 2020, enquanto a baixa nos setores essenciais será bem mais branda (-0,8%). Além disso, estima-se que apenas supermercados e farmácias cresçam neste ano. Sem a expansão destes segmentos, o prejuízo total do varejo poderia chegar a R$ 243 bilhões.
Análise geral
O auxílio emergencial foi e será fator importante para mitigar uma queda mais profunda nas vendas do varejo, mas não suficiente para impedir que, neste ano, o setor registre uma das maiores contrações no faturamento anual, com fechamento de mais de 200 mil estabelecimentos e redução de quase 1 milhão de empregos em todo o País.
No entanto, o quarto trimestre, período mais forte de vendas no comércio, será decisivo para o resultado geral do varejo, de modo que a continuidade do benefício emergencial se mostra fundamental para atenuar os prejuízos decorrentes da pandemia de coronavírus.