O Senac-SC e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) firmaram parceria para pesquisar o uso da alga Kappaphycus alvarezii na gastronomia. Atualmente, já há estudos sobre o uso da macroalga nas áreas da saúde, estética e de fertilizantes, mas no setor de gastronomia ainda é pouco explorado.
O objetivo da parceria é incluir o insumo no cardápio dos restaurantes e gerar demanda para os produtores de alga, por meio do desenvolvimento de produtos para a indústria alimentícia. “Temos a possibilidade de gerar demanda para esses produtores, estimular a cadeia produtiva e aumentar a fonte de renda de quem já está trabalhando nas fazendas marinhas ou queira investir nessa atividade econômica. A pesquisa, ligada ao Setor de Inovação do Senac-SC, vai explorar as possibilidades de uso gastronômico da alga, além da sua conservação e armazenamento após a coleta, aplicando as técnicas básicas da cozinha – quente e fria –, confeitaria e panificação e coquetelaria”, afirma a analista de Projetos Educacionais do Senac-SC, Nathália Bernardinetti.

O projeto tem previsão de duração de um ano, com dedicação e envolvimento do corpo técnico do Senac-SC, entre professores e analistas. “Iniciamos o projeto pela aplicação das técnicas básicas de cozinha, técnicas de corte e cocção da macroalga. Ao mesmo tempo, desenvolveremos materiais de boas práticas de manipulação da macroalga, contemplando as técnicas de higienização compatíveis com o insumo, armazenamento, pré-preparo, entre outros”, conta Nathália.
Concluída essa parte, será iniciada a aplicabilidade da macroalga, quando serão realizados os testes em preparos da cozinha fria, cozinha quente, panificação e confeitaria – tanto na cozinha internacional quanto na nacional. Com o material levantado, prevê-se uma prática de análise sensorial a partir de preparos selecionados ao longo do estudo e, também, de aceitabilidade dos produtos desenvolvidos. Os resultados finais devem sair entre agosto e setembro de 2023. No entanto, ao longo do projeto, os resultados parciais serão compartilhados.
Essa espécie de alga é exótica e está há 30 anos no Brasil, mas somente em 2020 os cultivos comerciais foram autorizados em Santa Catarina pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A autorização só foi concedida após o Estado estudar a alga durante 10 anos e comprovar a sua viabilidade ambiental de cultivo.
A Kappaphycus alvarezii não consegue se reproduzir na natureza. Assim, sua propagação é vegetativa, ou seja, alguns galhos são quebrados e colocados para crescer como se fossem clones da planta mãe. No sul do Brasil, o ciclo de cultivo inicia em setembro e vai até maio. Entre junho e agosto, os cultivos são interrompidos porque a temperatura da água fica abaixo de 18°C, e nessas condições a alga morre.
“Para os produtores, é importante, pois precisamos diversificar os cultivos marinhos. Não dá para todos viverem apenas do cultivo de ostra e mexilhão. Então, sempre estudamos espécies para integrar os sistemas de cultivo dessas fazendas marinhas”, explica Alex Alves dos Santos, pesquisador da Epagri.
Dessa vez, a espécie escolhida foi a macroalga, que vem para ajudar na fonte de renda desses produtores. “Por exemplo, quando ocorre a maré vermelha, em que o produtor é obrigado a interromper o comércio de molusco, ele poderá comercializar alga. Inclusive, a alga ajuda na despoluição dos mares, pois, no momento que ela absorve nutrientes como fósforo, nitrogênio e até carbono para o crescimento, ela ajuda a despoluir os mares. Se todo o litoral passar a produzir essa alga, ela vai diminuir a poluição marinha”, ressalta o pesquisador.