No dia 25 de novembro, a Fenavist deu mais um importante passo em busca da melhoria dos serviços prestados pelo segmento. Ao lado do Movimento AR, da Universidade Zumbi dos Palmares, de outras entidades do setor e de órgãos de segurança pública, a Federação participou da criação do Comitê Segurança sem Preconceito.
O objetivo do comitê é a capacitação dos mais de 500 mil vigilantes que atuam nas empresas formais em questões raciais e discriminatórias, bem como aprofundar ainda mais as orientações sobre técnicas de abordagem, que já são ensinadas de forma exemplar nos cursos de formação.
Segundo o presidente da Federação, Jeferson Nazário, a iniciativa do comitê já fazia parte da parceria firmada oficialmente com a Universidade Zumbi dos Palmares na semana passada. Ou seja, antes mesmo da tragédia ocorrida em uma das lojas do supermercado Carrefour em Porto Alegre-RS.
“Nós já vínhamos conversando com a universidade, professor doutor José Vicente, que é o reitor, para desenvolver um trabalho de conscientização do profissional e também das pessoas que transitam nos lugares onde nós estamos trabalhando (…) o que nós queremos aprender neste convênio e com as conversas que nós estamos tendo aqui na universidade é como não gerar um desconforto para quem está do outro lado, principalmente da raça negra, que é o que nos trouxe a assinar este convênio. Então, estamos aprendendo, estamos conversando, vamos criar uma cartilha de conscientização para o nosso profissional e que será distribuída também para a sociedade, para que possamos conviver de uma maneira boa e normal como se deve ter com todo ser humano”, disse o presidente da Fenavist em discurso.
Respeito à legislação
Jeferson Nazário também reforçou que as arbitrariedades que têm levado a casos de truculência inaceitáveis não representam e não são cometidas pelas empresas formais, que atuam seguindo estritamente o que diz a legislação.
“Os últimos casos que tiveram no Brasil não eram pessoas que estavam credenciadas para estarem fazendo o serviço. O caso específico de quinta-feira, se vocês acompanharam o noticiário, a empresa que estava lá era uma empresa autorizada pela Polícia Federal, porém os profissionais não tinham vínculo com a empresa de registro. Isso é uma obrigação que a Polícia Federal exige de todos os profissionais e das empresas. Então, já começou errado. Mas por quê? Porque o cliente também quis buscar o preço mais barato e contratou uma segurança irregular. A primeira pergunta que eu fiz para eles foi: você consegue comprar um saco de feijão por R$8,00 e vender a R$6,00 na sua prateleira? Consegue? Como é que você quer contratar segurança que custa R$8,00 e pagar R$4,00? Então, lá atrás, aconteceu isso e gerou o fato de quinta-feira”, explicou Nazário.
O presidente da Fenavist condenou com veemência a ação que levou à morte de João Alberto de Freitas, no dia 20 de novembro.
“Foi uma série de consequências que ocorreram de erros da segurança privada com a pessoa que lá estava. E terminou numa barbárie que a gente não consegue nominar. Eu não consigo nominar. Nada tem a ver com a atividade da segurança privada o que aconteceu lá. Isso eu posso garantir para vocês”, afirmou o representante das empresas de segurança privada.
Mais rigor
O dirigente ressaltou ainda que tragédias, como a da última sexta-feira, poderiam ter sido evitadas se o Congresso Nacional já tivesse atendido ao apelo do segmento por uma legislação mais rigorosa.
“Nos empresários, trabalhadores e a própria Polícia Federal já estamos lutando há aproximadamente 20 anos no Congresso Federal. Está parado lá agora com o presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, um Projeto de Lei que passou por todas as esferas do Legislativo e está lá para uma votação, para quê? O que nós estamos pedindo? Maior rigor na punição, não só de quem está na ponta, mas do empresário que está levando aquele serviço lá também”, argumentou o presidente da Fenavist.