No segundo dia da Feira das Américas 2012, o espaço Vila do Saber, onde está sendo realizado o Congresso Brasileiro de Agências de Viagens, foi o mais procurado do evento, com salas de seminários lotadas e concorridas. As palestras promovidas pelo Sistema CNC-SESC-SENAC tiveram lotação esgotada, e a maior parte abordou de, alguma forma, aspectos do turismo social apresentando um novo olhar sobre a atividade.
No segundo dia da Feira das Américas 2012, o espaço Vila do Saber, onde está sendo realizado o Congresso Brasileiro de Agências de Viagens, foi o mais procurado do evento, com salas de seminários lotadas e concorridas. As palestras promovidas pelo Sistema CNC-SESC-SENAC tiveram lotação esgotada, e a maior parte abordou de, alguma forma, aspectos do turismo social apresentando um novo olhar sobre a atividade. O turismo social não seria apenas uma modalidade que busca incluir classes economicamente menos favorecidas, mas sim aquele que foca nas necessidades das pessoas e no desenvolvimento de suas potencialidades.
O dia começou, às 11 horas, com a palestra do turismólogo Fernando Malta, especialista em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial pela Coppe/UFRJ e Gestão de Políticas Públicas do Turismo pela UFSC. Malta é assessor externo do Departamento Nacional do Serviço Social do Comércio (Sesc-DN) e apresentou um panorama da atividade de turismo social, falando sobre o perfil de trabalho desse profissional, apontando uma nova atuação do guia de turismo no mercado nacional. Para Fernando Malta, o crescimento do setor impõe a necessidade de investimento na capacitação profissional, porque disso depende a qualidade dos serviços: “Com o crescimento da atividade no Brasil, entende-se a necessidade de preparar a cadeia produtiva, melhorando sua qualidade na prestação dos serviços e abrindo novas perspectivas de trabalho”, declarou.
Dando continuidade ao tema, a agente de Cultura e Lazer do Sesc-SP, Ana Cristina de Souza, apresentou um histórico do envolvimento da entidade com o turismo social – o que já conseguiram concretizar – e mostrou como desenvolver e elaborar roteiros locais inovadores. Atualmente, existem 30 unidades operadoras no Estado que realizam, anualmente, mais de 97 mil excursões e quase 10 mil passeios. Segundo Ana Cristina, “o turismo social é entendido como uma atividade inclusiva que busca ser plural, democrática e transformadora, baseada em ações que oferecem ao participante a possibilidade de desenvolver suas habilidades intelectuais e físicas”.
A partir desse conceito, os roteiros locais são pensados como um conjunto de vivências que buscam democratizar o momento turístico, mas também inovar, por meio da observação do entorno e suas características locais. “A pesquisa é fundamental para a inovação. Até o passeio de um dia pode produzir roteiros diferenciados. É preciso analisar a identidade do local e a diversidade que possui. O diferencial pode estar na cultural, na gastronomia, na arquitetura, ou mesmo nas tradições e crenças. Depois de definir o tema, são selecionados os lugares que receberão excursões, realizadas visitas técnicas e avaliada a viabilidade financeira, de transporte, entre outras”, aponta Ana, indicando o passo a passo para um novo roteiro local.
Um novo olhar para o turismo
O professor e mestre em Planejamento do Desenvolvimento Turístico pelo Centro Interamericano de Capacitação Turística da OEA, o mexicano Sergio Rodriguez Abitia (foto abaixo), foi o último a falar sobre o tema no dia. Abitia, que foi presidente para as Américas da Organização Internacional de Turismo Social (OITS) de 2002 a 2005, apresentou dados estatísticos, a situação do mercado de turismo e ideias sobre como vê essa abordagem do turismo no futuro.

Para ele, a indústria turística perde a razão de ser do negócio ao esquecer que o turismo tem a finalidade de atender as pessoas. “Está claro que o turismo gera divisas, emprego e desenvolvimento, mas, quando você viaja, você escolhe seu destino para gerar divisas? Os principais motivos para as pessoas viajarem são, primeiro, descansar, depois se divertir, aprender, apreciar a beleza estética e, por fim, como expressão de si mesmas.”
As férias e o tempo de lazer, que ainda é o principal motivo das viagens em todo o mundo, são os momentos mais aguardados e lembrados pelos seres humanos. Por isso, é essencial que o receptivo esteja preparado e que saiba entender as necessidades e especificidades do turista. Abitia concluiu a palestra apresentando sua visão do perfil do turista do futuro: “é um consumidor profissional; ele não é espontâneo, não desperdiça dinheiro ou tempo. Pesquisa na internet os valores dos pacotes e os roteiros, lê sobre os lugares que quer conhecer e, principalmente, busca algo que o diferencie”. Segundo Sergio Rodriguez Abitia, “o turismo social é a resposta para essas necessidades”, por focar no ser humano e respeitar esse momento único da vida das pessoas, quando estão como turistas.
O Sistema CNC-SESC-SENAC está envolvido com o turismo social desde os anos 40. E, além de pioneiro dessa tendência no País, também é o principal operador. O Serviço Social do Comércio (Sesc) conta com uma rede hoteleira de mais de 40 meios de hospedagem, presentes em 19 estados e no Distrito Federal, com uma capacidade para hospedar 19 mil turistas por dia.