Sumário Econômico – 1683

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Destaques da edição:

Precisamos exorcizar o fantasma fiscal – A política fiscal não está fora do controle, apesar dos ruídos políticos e do movimento de antecipação das eleições pelo mercado. Já argumentamos neste espaço que a inflação encerrará 2021 fora da meta da política monetária conduzida pelo Banco Central (Bacen), mas agora os olhares passaram para 2022. Os riscos f iscais que assombram os mercados têm alguma razão de existir, dados os desafios que a pandemia ainda impõe, mas eles precisam ser exorcizados.

Embora ainda tenhamos incertezas externas e domésticas em relação às variantes da Covid-19, não se espera piora significativa na crise de saúde, a ponto de provocar grandes impactos negativos na economia. A reacomodação das atividades econômicas em um novo lugar é natural no processo de superação da crise mais delicada da história recente do País, em que nunca gastamos tanto, e nunca se falou tanto de despesas e orçamento públicos.

Em suma, temos receitas correntes oferecendo certa folga ao endividamento público e um arcabouço fiscal mais sólido, e, mesmo que as discussões políticas e eleitorais sugiram o contrário, precisamos exorcizar o fantasma que assombra a política fiscal .

Balança comercial e receitas de serviços apoiam contas externas –As transações do Brasil com o exterior acumularam saldo negativo de R$ 8,6 bilhões entre janeiro e julho deste ano, considerando o comércio de bens, de serviços, e as operações de investimentos com o resto do mundo. O resultado negativo, historicamente observado nas transações com o resto do mundo, está 40,2% abaixo do acumulado no mesmo período de 2020, e 77% aquém do déficit de 2019, ainda como reflexos da crise da Covid-19 na economia doméstica.

O saldo negativo menor nas transações correntes este ano é resultado do crescimento de 35,4% na balança comercial, e de reduções líquidas das operações de serviços (-26,5%) e de investimentos (-21,8).

Interferências climáticas na cadeia alimentar – As condições climáticas dos últimos meses no território brasileiro têm impactado diversas áreas, especialmente os setores relacionados à energia, à agricultura, à pecuária, à indústria, ao turismo, ao transporte e à logística. Torna-se relevante destacar as consequências desse cenário para o agronegócio brasileiro.

A ocorrência de chuvas regulares sempre se constituiu no fator fundamental para o bom funcionamento do setor agrícola. Entretanto, com as mudanças climáticas do globo terrestre, o pouco volume de chuvas de 2020 e 2021 reduziu a produtividade e provocou atrasos nas etapas de plantio e colheita. Dessa forma, a dinâmica das lavouras dos diversos grãos foi afetada, bem como as outras atividades que dependem da agricultura, como exportação, pecuária e indústria de alimentos.

Possivelmente, dependendo da necessidade e do tipo de produto, pode ser que sejam realizadas importações de commodities para suprir a demanda no mercado nacional. Entretanto, a taxa de câmbio atual, com a desvalorização do real, aponta para outro sentido, pois eleva custos de importação, tornando-se mais favorável às exportações. Dessa forma, com a alta de preços das commodities, os produtores nacionais que conseguirem obter produtividade satisfatória que possibilite a exportação serão beneficiados por esses fatores, a despeito do nível de oferta disponível internamente.

Perspectiva de Consumo das famílias atinge maior nível desde maio de 2020 – O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alcançou o patamar de 70,2 pontos em agosto deste ano, o maior nível desde abril de 2021 (70,7 pontos). Com o ajuste sazonal , a série apresentou crescimento mensal de +2, 1%, a terceira taxa positiva consecutiva.

Além disso, este mês de agosto foi melhor do que o de 2020, quando apresentou 66,2 pontos, apesar de o índice ter permanecido abaixo do nível de satisfação (100 pontos) , o que acontece desde abril de 2015 (102,9 pontos). Em relação a agosto de 2020, houve elevação de +6, 1%, a segunda taxa positiva seguida e mais intensa do que em julho (+3,5%).

Consequências inflacionárias da crise na energia elétrica – Foi divulgado, em 25 de agosto, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 ( IPCA-15), que indica a expectativa ou a prévia da inflação oficial ( IPCA). O índice revelou uma alta de 0,89% relacionada a seu último mês, variação mais intensa do que a apresentada em julho, de 0,72%, e a maior dos meses de agosto da sua série histórica desde 2002. Esse aumento foi alavancado, principalmente, pelo preço da energia elétrica que representou 0,23 ponto percentual do índice geral. Um aumento considerável no preço da energia tem sido observado nos últimos meses em decorrência da crise hídrica que o País está passando.

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