Destaques da edição:
Open Finance de mãos dadas com o varejo – A adesão ao Pix vem crescendo
exponencialmente. No dia 7 de julho, o volume de transações atingiu a máxima de R$ 31,3 bilhões, superando o recorde anterior de R$ 27,9 bilhões transacionados em um único dia, no fim de junho. O dado é um bom indicativo da aceitação da população às modernidades implementadas pelo Banco Central (BC) no sistema financeiro, e indica ainda como o cliente bancário estava mal atendido ao pagar taxas elevadas nos moldes tradicionais de transferências, pagamentos e demais serviços.
Os brasileiros convivem em um mundo cada vez mais digital, e a pandemia apenas acelerou toda a agenda do Open Finance. O Pix é uma parte desse novo arranjo, que vai somar ao Open Banking e à moeda digital do BC.
A adaptação ao Open Finance no Brasil será uma revolução no mercado financeiro, no crédito, nos juros, na forma como as pessoas e as empresas transacionam bens e serviços. Os bancos tradicionais já estão repensando, reorganizando seus modelos de negócios, e cooperando entre si, pois estão ávidos para captar investidores e mostrar esses novos modelos aos clientes. E a sociedade já sente os ganhos de toda a disrupção que estamos experimentando.
Em recuperação, varejo deve ter maior avanço de vendas em nove anos – De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada em 07/07 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio, o volume de vendas do varejo brasileiro cresceu 1,4% na comparação com o mês anterior, já computados os ajustes sazonais. Esse foi o segundo avanço consecutivo nas vendas reais do setor (houve alta de 4,9% em abril) desde a retração verificada no mês de março (-3,0%). O resultado veio abaixo da expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que apontava alta de 2,5% no indicador.
Apesar do resultado abaixo do esperado em maio, a tendência de médio prazo é de que as vendas sigam reagindo predominantemente em função da diminuição do isolamento social decorrente do avanço da vacinação da população, o que, consequentemente, reduz as chances de novos decretos restritivos à atividade comercial. Nesse contexto, a CNC revisou de +3,9% para +4,5% sua previsão para a variação do volume de vendas do comércio varejista em 2021. Confirmada essa previsão, o setor registraria seu maior avanço anual desde 2012 (+8,4%).
Superendividamento – Quem nunca recebeu um telefonema ou sofreu contato pessoal de alguém oferecendo vantagens diferenciadas para a tomada de crédito, de dinheiro fácil a ser pego emprestado?
Na esteira desse mecanismo que muitas vezes pode induzir a sérios problemas, como o superendividamento e o impedimento do acesso ao crédito, tem-se o fato de que a renda média do brasileiro é baixa, havendo, portanto, escassez de recursos diante das necessidades ilimitadas de compras.
Em época de desemprego elevado, deterioração do mercado de trabalho e baixo ritmo de evolução da economia, tal situação tende a complicar-se, notadamente se a inflação estiver presente para também prejudicar e atrapalhar a vida do consumidor, comprimindo o orçamento doméstico, restringindo o acesso a bens e serviços.
No momento, o endividamento das pessoas físicas quase encosta na casa dos R$ 2,4 trilhões, montante que tem descrito uma trajetória acelerada nos últimos tempos, apontado para o fenômeno do qual as pessoas, de certa forma, muitas vezes têm coberto lacunas do orçamento doméstico por intermédio do recurso ao crédito – pelas mais diversas razões.
II Seminário de Análise Conjuntural –No dia 10 de junho, a Fundação Getulio Vargas (FGV) realizou o II Seminário de Análise Conjuntural, com a mediação da repórter e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Adriana Fernandes. Os participantes foram: a coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Silvia Matos; o chefe do Centro de Estudos Monetários da FGV/Ibre, José Júlio Senna; e o pesquisador da FGV/Ibre, Armando Castelar.
A primeira a palestrar foi Silvia. Para ela, a recuperação da atividade está se intensificando. Entretanto, esse avanço também causa efeitos colaterais, como o crescimento da inflação, atualmente bem acima do centro da meta, o que reduz o poder de compra dos consumidores.
O segundo a se pronunciar no evento foi José Júlio. Ele enfatizou a fase de expansão dos Estados Unidos, com crescimento mais robusto na economia americana e nos países desenvolvidos. A necessidade de transferências fiscais vai desaparecer e o mercado vai resolver os gargalos na produção.
Armando Castelar concluiu o seminário chamando a atenção para a normalização parcial da economia como um todo. O Brasil está caminhando para a normalização, devido à vacinação, contudo é parcial porque está em transição. No momento, a inflação é um dos grandes temas econômicos, gerada pela limitação de oferta e alteração no padrão de consumo das famílias, que se voltou mais para bens e menos para serviços, reforçando a fala de José Júlio.