Destaques da edição:
A queda do dólar e os benefícios da modernização na lei cambial – A queda do dólar, ou a trajetória mais favorável da
taxa de câmbio nas últimas semanas, é um triunfo da política econômica. É notório que fatores internos e externos influenciam o câmbio, mas a Selic Meta mais elevada e equilibrada, no sentido do juro neutro, embora com política monetária ainda expansionista, e a política fiscal com sinais melhores no curto prazo estão determinando a dinâmica do câmbio.
Outra variável que influenciou positivamente essa dinâmica foi a sanção do orçamento sem o comprometimento (ou estouro) do teto dos gastos, o que trouxe um alívio fiscal. Os gastos relacionados à pandemia ficaram fora do teto das despesas e do resultado primário, fazendo com que a grande âncora fiscal do governo tenha sobrevivido. No entanto, o custeio público ainda inspira enorme atenção e necessidade de aperto no próximo ano, especialmente.
As variáveis macroeconômicas são determinantes do preço do câmbio, mas essa injeção de modernidade e simplificação na legislação cambial é um passo largo à maior conversibilidade do real, o que inegavelmente facilitará e ampliará os fluxos cambiais, auxiliando uma trajetória positiva do câmbio no País.
Além do câmbio mais favorável, com a vacinação acelerando e sem novas ondas do vírus e piora expressiva na pandemia, a economia pode ter de novo uma recuperação em forma de V nos próximos meses.
Iatur de março, um desastre – O resultado do Índice de Atividades Turísticas (Iatur) do mês de março, levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou forte contração, na esteira dos resultados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), cuja variação foi de -4,0%.
As atividades turísticas desabaram 22,0%, a terceira maior queda de toda a série iniciada em janeiro de 2011, só perdendo para as variações de março (-30,5%) e abril (-54,5%) do ano passado, quando a economia e os diversos setores dos serviços e do turismo foram solapados pela crise causada pela pandemia do coronavírus. Em março, excetuando os serviços de informação e comunicação (1,9%), os classificados na PMS como outros serviços (3,7%), assim como os de transporte aquaviário (0,7%), todos os demais apresentaram diminuição.
As principais retrações da PMS aconteceram no grupo de serviços prestados às famílias (-27,0%), puxado notadamente pelos de alojamento e alimentação (-28,0%) e outros prestados às famílias (-7,2%); bem como os de transporte aéreo (-10,2%).
Por conta da natureza da oferta de serviços, as atividades turísticas entraram rapidamente na crise, de certa forma de maneira aguda, apresentando os piores sintomas – caso dos eventos, só para citar. A recuperação deste e de outros setores, como hospedagem e viagens, poderá levar mais tempo do que muitas outras atividades de serviços, uma vez que dependem do nível de renda e da disponibilidade para consumo dentre inúmeros fatores, os quais se devem, sobretudo, à disponibilidade no orçamento para esses tipos de gastos.
A importância da Balança Comercial – Para o entendimento da economia de um país, é indispensável conhecer a sua Balança de Pagamentos. Este instrumento financeiro aponta quantitativamente se o país está exportando ou importando capital do exterior. Assim, são registradas todas as transações que o país realizou com o restante do mundo, na forma de importações e exportações de produtos, serviços e capital financeiro, assim como transferências unilaterais.
No Brasil, a elaboração da Balança de Pagamentos é realizada pelo Banco Central, órgão responsável por administrar as reservas externas do País. Embora sua apresentação seja anual, o órgão divulga mensalmente o saldo das transações realizadas entre o Brasil e os demais países do mundo. A Balança de Pagamentos serve, então, como um indicador da situação econômica, podendo, inclusive, auxiliar o governo na definição de políticas macroeconômicas, como a manutenção da taxa de juros, as intervenções no mercado de câmbio e a variação no valor da tributação.
A Balança Comercial brasileira apresentou um saldo positivo de US$ 50,9 bilhões em 2020, crescimento de 6% diante do ano anterior. Tendo em vista o contexto marcado pela pandemia do coronavírus, esse resultado foi influenciado pelas principais commodities comercializadas pelo País, com destaque para a soja e a carne bovina.
Mercado aumenta expectativa para crescimento da inflação – No último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central em 14/05, a mediana das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano aumentou para 5,15%, o sexto aumento consecutivo nessa estimativa. No curto prazo, as projeções dos analistas para o IPCA são de 0,58% para maio e 0,37% para junho. A mediana das projeções dos analistas para o IPCA de 2022 aumentou para 3,64%, e, para 2023, a estimativa continuou em 3,25%.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a meta da taxa de juros Selic aumentou para 3,5% ao ano. A próxima reunião será nos dias 15 e 16 de junho, quando se espera que o Banco Central aumente a taxa para 4,25% ao ano. A expectativa do mercado é que ela aumente ainda mais em 2021, alcançando 5,50%, além de um novo incremento em 2022, com juros podendo ser de 6,50%.