Destaques da edição:
Apesar das transformações digitais, população ainda recorre à moeda em espécie – Temos falado muito sobre a transformação digital que vem acontecendo no Brasil e no mundo, principalmente após a crise da Covid-19. O isolamento social obrigou os consumidores a se acostumarem com as compras on-line, em que o dinheiro em espécie não é importante.
Os comerciantes também precisaram se adaptar a esse novo método de venda, transferindo seu portfólio para o mercado on-line. Mas o varejo, mesmo antes da pandemia, vinha se acostumando à redução gradual da utilização das células e moedas, sendo substituídas pelos cartões de crédito e débito, e mais recentemente pelas carteiras digitais.
A implementação do Pix e o início da primeira fase do Open Banking estão incentivando a transformação digital, como discutimos neste espaço, apoiando-se em sistemas totalmente digitais e dinâmicos. O objetivo é fazer com que o avanço tecnológico leve o Brasil para um novo patamar neste século, com uma economia mais moderna, ágil, transparente e competitiva.
Porém, percebe-se que apenas incentivos não são suficientes para essa evolução. Segundo dados do Banco Central, o número de células em circulação aumentou 20,4% entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020, enquanto o número de moedas cresceu 3,1%. Traduzindo em valores reais, foram 32% de incremento no valor em espécie em circulação na economia no período.
Vamos precisar de tempo e maior sensação de segurança pelos consumidores para alcançar todas as possibilidades geradas pela evolução tecnológica. Mas toda essa renovação sem dúvidas é essencial para o progresso da nossa economia.
Vendas do varejo registram 3ª queda em 4 meses – O volume de vendas do comércio varejista brasileiro apresentou recuo de 0,6% em março, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada em 07/05 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE). Dessa forma, a série histórica com ajuste sazonal indica que o setor acumula três retrações mensais nos últimos quatro meses, encerrando o primeiro trimestre de 2021 com um recuo de 4,3% em relação ao quarto trimestre do ano passado – pior desempenho trimestral desde o segundo trimestre de 2020, quando as vendas cederam 8,9%.
A ausência do auxílio emergencial e a contração do mercado de trabalho ao longo do primeiro trimestre de 2021 impactaram negativamente os resultados das vendas do varejo. Contudo, inegavelmente, as variações negativas na circulação de consumidores ainda ditam o ritmo das vendas.
Portanto, a tendência é que as vendas só reajam de forma mais consistente a partir da segunda metade do ano, quando, diante de um grau maior de imunização da população, menos restrições ao funcionamento dos estabelecimentos comerciais tendem a ser impostas. Neste contexto, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) manteve em +3,3% sua previsão para a variação do volume de vendas do comércio varejista em 2021.
Pix, WhatsApp e Facebook – A conexão cada vez mais segura da internet e os dispositivos de segurança que são desenvolvidos têm feito com que os aparelhos de celular aumentem de importância na vida das pessoas e estas passem boa parte do tempo olhando para a telinha.
Agora, estão chegando para concorrer com o Pix as transferências, os pagamentos via WhatsApp. Da mesma maneira que aconteceu quando o Pix foi introduzido no ecossistema bancário e financeiro, a novidade deverá demorar pouco tempo até decolar. Assim, também, vale afirmar, que, na medida em que as pessoas forem se familiarizando com o ambiente WhatsApp, mais hodiernas as transações irão ficar.
Quando as operações com pagamentos parcelados puderem ser realizadas no Pix (e no WhatsApp), os celulares vão ter significância maior. As pessoas irão poder deixar suas carteiras de cédulas e seus cartões em casa, para saciar desejos fazendo compras e deslocamento de recursos apenas com o celular nas ruas, tendo em vista que será crescente o número de agentes recebedores que também farão parte do sistema. Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Nubank e Inter, entre outros, já começaram a correr junto à sua clientela a fim de anunciar a liberação de pagamentos e transferências e outras transações no WhatsApp.
Em contrapartida a todo o arsenal de segurança instituído pelos agentes, importante vai ser para o usurário ficar antenado para não virar um inepto diante de fraudes, e-mails, vírus, clonagem e hackers, para não tomar prejuízos. A tecnologia certamente irá garantir a segurança necessária, enquanto brechas para oportunidades desagradáveis acontecerão apenas se o usuário parecer incauto e imprevidente.
A política monetária e seus impactos na economia –No dia 15 de abril, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas ( Ibre/FGV) e o jornal O Estado de S. Paulo realizaram o webinar A política monetária e seus impactos na economia. O moderador do evento foi o colunista do Broadcast Fábio Alves e os palestrantes foram os professores Carlos Viana, José Júlio Senna e Márcio Garcia.
Em sua primeira consideração, o professor José Júlio destacou que não há inflação de demanda, e sim choque de oferta, fundamentalmente nas commodities. Com o advento da pandemia, começou um atraso no f luxo dos bens produzidos para a comercialização. Outra mudança de comportamento foi o desvio de demanda, pois muitos consumidores deixaram de adquirir serviços par a comprar bens duráveis.
Ao ter a palavra, o professor Márcio Garcia ressaltou que o principal problema no Brasil é a política fiscal , não a monetária. Ao contrário do que aconteceu nos outros países emergentes, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) liberou recursos, nem o dólar e nem os juros voltaram par a o patamar anterior. Isso por causa do r isco fiscal brasileiro.
Um dos pontos levantados por ele é que os gastos públicos que estão sendo estudados a são referentes a obras ou outras formas de incentivar a economia, não priorizando a parte sanitária, humanitária ou de saúde, que são inadiáveis e mais importantes neste momento. Para o Professor Carlos Viana, o ajuste de rota que o BCB está
fazendo ao aumentar a Selic é muito bem-vindo, pois está reagindo ao ambiente falado anteriormente de choque de oferta, com gargalos setoriais e desvio de demanda.
O último tópico abordado no evento foi a autonomia do BCB, o que, na concepção de José Júlio, não é uma preocupação. Isso porque a instituição conta com pessoas competentes que precisam defender sua reputação.