Sumário Econômico – 1664

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Destaques da edição:

Incerteza econômica volta a impactar a Intenção de Consumo das Famílias – O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alcançou o pata mar de 70,7 pontos em abril deste a no, o menor nível desde novembro de 2020, quando atingiu 69, 8 pontos. Com o ajuste sazonal, a série apresentou queda mensal de -2 , 5% , após recuperação pontual no mês anterior. Além disso, foi o pior mês de abril da série histórica , e o índice permaneceu abaixo do nível de satisfação (100 pontos), o que acontece desde abril de 2015 (102 ,9 pontos). Em relação a abril de 2020, houve retração de -26,1% , a 13ª redução nessa base comparativa.

A Intenção de Consumo das Famílias apresentou queda em abril, após recuperação pontual no mês anterior, ao considerar a série com ajuste sazonal. Com isso, o indicador voltou a nível próximo do fim do ano passado. O fator de maior influência no resultado negativo deste mês foi em relação ao nível de consumo, tanto o atual quando o dos próximos três meses.

A percepção de consumo de curto prazo retraiu pelo segundo mês, sendo a taxa mais negativa de abril. Essa redução mais forte levou as famílias a reavaliarem suas percepções de longo prazo. Dessa forma, a tendência positiva observada nos últimos cinco meses na Perspectiva de Consumo foi quebrada, com o item alcançando o menor patamar desde outubro do ano passado.

O mercado de trabalho também mostrou a incerteza das famílias em relação ao enfretamento da crise econômica. Tanto o indicador Emprego Atual quanto o Perspectiva Profissional obtiveram queda no mês. Mesmo assim, o que se refere ao curto prazo permaneceu como o maior indicador do mês, e a taxa mensal negativa de abril não foi suficiente para superar o crescimento de março.

Em abril, as famílias voltaram a apresentar desconfiança em relação às medidas tomadas pelo governo e à velocidade que a recuperação econômica vai acontecer

Turismo: muitas dificuldades pela frente – Em abril, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado do mês de fevereiro do Índice de Atividades Turísticas (Iatur) – indicador (correspondente) nacional relativo ao volume de vendas das atividades do turismo, pesquisado em 12 áreas do Brasil: 11 estados e o Distrito Federal. Em fevereiro, na série com ajuste sazonal em relação ao mês antecedente, o Iatur cresceu 2,4%. Foi a segunda alta do ano, levando-se em consideração que em janeiro subiu 0,6%.

Numa perspectiva de curto prazo, os dados positivos do corrente ano, a princípio, podem parecer otimistas e produzir algum alento, na medida em que houve áreas que expressaram forte recuperação, caso de Goiás (9,1%), Minas Gerais (6,8%) e Pernambuco (4,9%).

Não obstante a isso, verificou-se que algumas regiões caminharam na contramão de outras, como, por exemplo, o Distrito Federal (-8,2%), o Ceará (-3,2%) e a Bahia (-2,8%), únicas áreas que registraram sinal negativo nessa base de comparação.

De outro modo, através da trajetória da curva, mostrada nessa edição do Sumário, da linha horizontal dos meses, pode-se inferir o volume de problemas que vêm sendo enfrentados pelos serviços turísticos por causa do impacto da crise da Covid-19. A diferença com a linha horizontal sugere muitas dificuldades pela frente, porque o setor precisará crescer num ritmo maior. No atual cenário, tudo leva a crer que isso vai demorar a acontecer.

As novas ondas da pandemia e o melhor pacote econômico possível  – Desde o ano passado, viemos notando que, embora a pandemia da Covid-19 tivesse imposto vários desafios e alterações nos hábitos de consumo dos brasileiros, a inadimplência das famílias foi mantida sob controle. Desde agosto do ano passado, os indicadores de inadimplência estão em queda, e essa foi uma das grandes conquistas do governo com o auxílio emergencial: ele ajudou as pessoas a consumirem itens básicos e a pagarem contas e dívidas. As repactuações e os juros em níveis historicamente baixos foram adicionalmente relevantes para o quadro positivo da inadimplência.

O efeito do auxílio no ano passado pôde ser visto no bom desempenho anual do varejo, como já argumentamos neste espaço. De outubro em diante, no entanto, o menor valor respondeu pelo arrefecimento das vendas do comércio a partir de novembro.

É urgente retomar as medidas exitosas do ano passado, mas a cautela em relação ao orçamento e às novas rodadas de gastos têm dificultado o socorro às pessoas físicas e jurídicas. Falta senso de prioridade, já que sabemos da necessidade de expansão fiscal para mais socorro aos cidadãos, mas o que se discute é o aumento dos recursos destinado às emendas parlamentares.

Um plano fiscal seria fundamentalmente importante para guiar a confiança dos agentes diante das novas e imediatas necessidades de aumento de gastos. Precisamos de consenso para renovar as medidas sociais mais rápido do que nunca, mas temos de indicar também um caminho de reorganização fiscal que oriente os agentes econômicos diante das permanentes incertezas. Foi isso que o Ministério da Economia fez no ano passado ao não abandonar o teto dos gastos, por exemplo, como muitos defendiam no contexto de calamidade pública.

A possibilidade de o vírus vir em ondas, com novas cepas surgindo no mundo, mantém o grau de incerteza elevado, e exige de nós pensarmos com muito cuidado nos caminhos das políticas monetária e fiscal.

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