O papel do varejo na nova era dos meios de pagamento e do sistema bancário – Desde que o Pix foi anunciado, ainda no início da pandemia, ficou evidente que a mudança estrutural trazida com o novo sistema de pagamentos instantâneo do Banco Central (BC) acarretaria rápidos benefícios aos usuários. Aumento da inclusão financeira, flexibilidade e disponibilidade imediata dos recursos, praticidade e velocidade nas transações, custos nulos para pessoas físicas – e expressivamente menores do que os meios tradicionais para empresas – são as principais vantagens. Mas o Pix oferece outras possibilidades e oportunidades de negócio importantes para o setor terciário, especialmente para o varejo, tanto o físico – quanto o e-commerce. Com as futuras funcionalidades, o Pix poderá ainda fazer das lojas do comércio pequenos agentes financeiros na economia. O Pix é um sistema novo, e, naturalmente, toda novidade tem seu tempo de amadurecimento, assim como aconteceu com o cheque, que não desapareceu, mas caiu em desuso com o surgimento da TED e do DOC no passado. Ainda de acordo com dados do BC, a taxa de rejeição nas transações com pagamentos via TED e DOC chegam a 5%, enquanto a rejeição nas transações com o Pix, utilizando uma chave cadastrada, alcançou apenas 0,5% nas primeiras semanas de uso. Em suma, toda conveniência do Pix não se restringe apenas à evolução tecnológica com vantagens aos agentes usuários, mas se trata de uma das etapas da transformação estrutural na economia, a qual seguirá no caminho com o open banking. Além dos custos de serviços mais baixos provocados pela ampliação da competição interbancária, uma grande massa de dados de consumidores poderá ser aproveitada pelos estabelecimentos do comércio e serviços com a abertura bancária, o que vai elevar a capacidade produtiva das empresas e a importância do setor terciário na economia. Neste momento, o varejo cumpre um papel primordial no incentivo à utilização do Pix e na inclusão financeira e digital dos consumidores, o que faz do setor um dos principais atores na nova era dos meios de pagamento.
Endividamento das famílias encerra 2020 em alta e inadimplência em queda – O percentual de famílias que relataram ter dívidas (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, e prestação de carro e de casa) alcançou 66,3% em dezembro, alta de 0,3 ponto percentual (p.p.) em relação a novembro, e de 0,7 p.p. em relação a dezembro de 2019. O aumento da proporção de famílias endividadas no último mês de 2020 ocorre após três reduções consecutivas no percentual, o qual vinha diminuindo desde setembro. O endividamento dos grupos de renda pesquisados passou a apresentar tendências semelhantes a partir de dezembro. O resultado por faixa de renda do percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso – e que vão permanecer inadimplentes – igualmente mostrou comportamento semelhante entre os grupos pesquisados. Entre os com renda até dez salários mínimos, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos atrasados caiu de 13,4% para 13,1% na passagem mensal. Em relação à capacidade de pagamento, entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou 30,2% da renda mensal, novo aumento de 0,1 p.p. em relação a novembro, e de 0,5 p.p. ante dezembro do ano passado. Indicadores recentes têm mostrado que a recuperação da economia este ano está mais robusta do que as estimativas indicavam, impactando, inclusive, em pressões inflacionárias pela oferta e demanda. No entanto, ainda predominam incertezas sobre a sustentabilidade da retomada no médio prazo, principalmente quanto à capacidade de recuperação do mercado de trabalho, no contexto de recrudescimento da pandemia. Deve-se considerar ainda que grande parte do crédito dispensado durante a pandemia foi concedido com carência nos pagamentos, os quais devem começar a vencer no início de 2021. Com isso, o crédito deve ganhar destaque na retomada da economia em 2021, porém é importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro.
Natal diferente dos outros e novos rumos – O Natal do ano passado foi contextualizado pela Covid-19. Por conta da prevenção do contágio, em todo o planeta, procurou-se evitar grandes reuniões, aglomerações, maiores festejos de rua. As recomendações foram de recolhimento. A mudança do calendário com o Réveillon também não ficou muito diferente, pelo que se verificou. Em relação ao habitual, pouquíssimas turbas se formaram com pessoas que assumiram o risco de participar de eventos comemorativos. Para as famílias mais cautelosas, manteve-se a tradição do jantar de véspera de Natal mesmo que o número de participantes tivesse diminuído. No entanto, as alternativas existentes para envio/ recebimento de presentes constituíram-se na solução para a preservação do hábito de trocar lembranças e presentes. Por outro lado, de maneira pesarosa, em muitos lares, o espírito alegre de fim de ano ficou comprometido com a perda de entes queridos – devido à pandemia. Nesse cenário, o Natal do ano que passou constituiu-se na confirmação de que o fator tecnológico foi incorporado de vez ao hábito de consumo via digitalização, uso de celulares, microcomputadores, internet e e-commerce. Se, no fim do ano passado, com o ocaso da pandemia (espera-se que a vacinação no Brasil aconteça em janeiro ou fevereiro), as estimativas foram as de que o Natal de 2020 incorporou mais de 11 milhões no comércio eletrônico, podendo ter movimentado um total de R$ 21,7 bilhões (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico – ABComm), – dá para imaginar qual deverá ser a quantidade de novos consumidores que farão parte do e-commerce em 2021, 2022, se a economia vai estar se recuperando, gerando juntamente mais emprego e renda, com o mercado de trabalho gradualmente sendo aquecido?