Processos de inovação são debatidos na Câmara de Tecnologia

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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) adaptou a denominação da Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação (CBTI), a fim de melhor identificar o seu caráter nacional e expressar seu vínculo com a categoria econômica que representa, passando a intitulá-la de Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação e Inovação (CBTIN). A primeira reunião do colegiado neste ano, já sob a nova denominação, ocorreu no dia 2 de março, na sede da CNC, no Rio de Janeiro.

“Essa mudança não é apenas uma nova nomenclatura, mas uma mudança de olhar pensando tecnologia como instrumento para facilitar a criação de novos produtos, processos e serviços, tendo como aliada a inovação”, destacou o coordenador-geral das Câmaras Brasileiras do Comércio e Serviços, Luiz Carlos Bohn, que também é vice-presidente da CNC e presidente da Fecomércio-RS.

Inovação está frequentemente associada à tecnologia, embora ela não seja uma exclusividade desse campo. No entanto, a tecnologia é uma das principais impulsionadoras da inovação atualmente. Para o coordenador da CBTIN, Antonio Florencio de Queiroz, vice-presidente Administrativo da CNC e presidente da Fecomércio-RJ, à medida que os debates da Câmara evoluem, a abrangência e a importância do negócio se tornam maiores.

“Procuramos valorizar cada vez mais a tecnologia, valorizar ainda mais a evolução, com olhar de adequação à nossa realidade de negócios, que é do comércio. Durante muito tempo, não fomos considerados um segmento que trouxesse inovação. Andávamos a reboque de outros segmentos da economia. Mas hoje, sem dúvida, o comércio tem demonstrado seu peso e sua capacidade de inovar, principalmente, por sua resiliência e capacidade de superar obstáculos, adaptando-se rapidamente às inovações”, avaliou.

Abrindo a pauta da reunião, o representante da Fecomércio-CE, Raniere Medeiros, destacou uma iniciativa aplicada em Fortaleza que auxiliou os empresários cearenses: a criação de um banco de dados do comércio, com a possibilidade de cruzar os Cnaes (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) com os sindicatos da base da Federação, que atendiam aos respectivos segmentos. Medeiros também falou sobre o uso da inteligência artificial — com a popularização de diversas plataformas — no setor do comércio de produtos, serviços e turismo.

“A Agência do Desenvolvimento do Estado, por intermédio da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Tecnologia da Informação e Comunicação (CSTIC), fez esse trabalho com uma business intelligence (BI) que ajudou muito a Federação, que muitas vezes tinha dificuldade de saber quantas e quais são as empresas da cidade, quem são os filiados, de quanto emprego dispõe, sempre cruzando dados federais e municipais. Agora, vamos buscar implantar na Federação para passar aos sindicatos filiados”, ressaltou.

O advogado da Diretoria Jurídica e Sindical da CNC Márcio Motta explicou que a CNC possui dois bancos de dados, o Sistema BDCS (Banco de Dados da Contribuição Sindical) e o GDS (Gestão de Dados Sindicais), este último sendo desenvolvido pela Gerência Executiva de Tecnologia da Informação (GETI) da CNC, com entrega parcial prevista para o período de realização do evento do Sicomércio, em julho. “Será uma ferramenta totalmente aprimorada, com as devidas atualizações de recolhimento, o que ajudará muito as Federações e, consequentemente, seus sindicatos”, disse.

O gerente da GETI da CNC, Carlos Henrique, complementou que a CNC vem reestruturando seus dados, aplicações e tecnologias. E está desenvolvendo, em parceria com as Diretorias Jurídica e Sindical (DJS) e de Economia e Inovação (DEIN), um trabalho de pesquisa, unificando esses dados para montar um cenário de BI que possa levar informações relevantes até as empresas, passando pelos sindicatos e federações.

“Hoje, nós temos uma sinergia muito grande entre o sistema de gestão sindical e o sistema de cobrança de arrecadação sindical. Essa reformulação não está voltada somente para a arrecadação, mas também para a venda de produtos que os sindicatos têm e que oferecem para seus empresários”, informou o gerente, revelando a aplicação de tecnologia de geolocalização dentro desse sistema, o que possibilitará ao sindicato visualizar, dentro de uma área, onde tem uma empresa de tecnologia, mesmo que essa base não seja de um associado. “A ideia e ver como ele pode trazer essa empresa para dentro do seu sindicato”, revelou.

Iesser Lauar, da Fecomércio-MG, apresentou o marketplace para as entidades sindicais. Ele enumerou alguns modelos que vêm sendo desenvolvidos no Estado, inclusive, uma possível parceria com o Senac para um programa de jornada de marketplace com uma plataforma web responsiva. Marcos Chaul, presidente do Sindinformática, ligado à Fecomércio-GO, falou sobre a implantação de uma plataforma para a Federação que auxilia, orienta e qualifica serviços dos sindicatos.

LGPD

O representante da Fecomércio-AL, Jean Paul Neumann, trouxe um alerta para que os membros da CBTIN possam repassar para suas bases: os efeitos que podem decorrer, com o fim do período educativo, da Lei Geral de Proteção de Dados. Ele chamou a atenção para a dosimetria (norma que visa estabelecer parâmetros e critérios para aplicação de penalidades por descumprimento da LGPD) e a demissão por justa causa. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) publicou, em 27 de fevereiro, esse regulamento.

Neumann apresentou as sanções administrativas, a classificação das infrações e o valor da multa, que é baseado no faturamento da empresa. Em relação à justa causa, foi compartilhado um entendimento da 15ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho, da 15ª Região, que validou uma demissão por violação de segredo da empresa. “A existência de normas internas estabelecendo claramente as obrigações dos empregados (termo de confidencialidade e termo de responsabilidade, neste caso específico) foi essencial para a caracterização da justa causa”, explicou.

Para contribuir para o tema, a advogada da DJS Camila Blanco apresentou as perspectivas da LGPD para 2023, como a comunicação de incidentes de segurança.  “A ANPD reformulou as orientações e reestruturou o formulário de comunicação de incidentes de segurança, disponíveis em seu site. Não basta cumprir a lei, será preciso demonstrar o seu cumprimento, por meio de documentos”, esclareceu, listando os tipos de incidente como o envio de dados ao destinatário incorreto, perda ou roubo de documentos e acesso não autorizado a um sistema de informação.

Governo federal

A Diretoria de Relações Institucionais (DRI) da CNC fez um panorama da composição do novo Poder Executivo, destacando dentro dos ministérios as pastas que trabalham com tecnologia e inovação. Além do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a temática vem sendo trabalhada no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, especialmente na Secretaria de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, com o foco nos departamentos de Transformação Digital e Qualificação para o Novo Mundo do Trabalho; e de Inovação e Novos Negócios.

Na visão do especialista técnico da DRI Moisés Júnio, é possível esperar do atual governo, na área de Tecnologia e Inovação, uma combinação da educação universal de qualidade, pesquisa científica básica e tecnológica, além da inovação e inclusão social.

“O direcionamento mostra que o governo vem buscando a inovação para enfrentar o desafio da transformação tecnológica atualmente em curso, além do uso da Inteligência Artificial, em processos sofisticados com maior valor agregado, o que proporcionará internet de qualidade em todo o território nacional”, destacou.

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