Apesar do tombo histórico de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (01/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou a previsão de retração do PIB de 6,1% para 5,7%, em 2020. Mesmo diante do ainda elevado grau de incerteza em relação à superação da crise provocada pelo novo coronavírus e às reformas, pesou na projeção da CNC o ritmo de recuperação da atividade econômica, que tem surpreendido positivamente.
De acordo com o presidente da Confederação, José Roberto Tadros, a queda do PIB ficou dentro do esperado. “Indicadores referentes ao segundo trimestre já apontavam uma deterioração significativa do nível de atividade econômica a partir de abril”, afirma, acrescentando que “a retração econômica inédita no País se alinha ao comportamento da economia observado em outras importantes regiões do mundo, como a Zona do Euro (-12,1%), o Reino Unido (-20,6%), os Estados Unidos (-9,1%), a Rússia (-9,9%), o Chile (-13,6%), o México (-19,0%) e a Índia (-23,9%)”.
Embora o Brasil sustente, hoje, a menor taxa básica de juros da história, a reação econômica tende a se dar menos pela via da expansão da política monetária do que pelo estímulo fiscal, indica a CNC. “A prorrogação do auxílio emergencial, ainda que com um tíquete menor, e a irrigação dos programas voltados ao resgate da sustentabilidade financeira das empresas tendem a cumprir um papel mais determinante na economia, no restante do ano”, conclui Tadros.
Para o economista da CNC Fabio Bentes, o comportamento da atividade econômica a partir de maio, apesar de negativo, revela um processo de reação do nível de atividade. “A economia cresceu 1,6% em maio e 4,9% em junho, segundo o IBC-Br, calculado pelo Banco Central”, destaca.
Serviços e consumo
Pela ótica da produção, a indústria (-12,3%) foi o segmento que mais sentiu os efeitos da pandemia de covid-19. O setor de serviços também registrou queda recorde (-9,7%), influenciado pelo desempenho das atividades de transporte (-19,3%) e pelo comércio (-13,0) – atividades diretamente afetadas pelas medidas de isolamento social e pela consequente diminuição da circulação de pessoas.
No lado da demanda, os investimentos desabaram (-15,4%), assim como as despesas de consumo das famílias (-12,5%). “A disponibilização do auxílio emergencial evitou uma queda ainda maior do consumo das famílias, uma vez que a massa real de rendimentos teria retrocedido 8,2% e não 5,6% como, de fato, ocorreu”, indica Bentes.