Balança comercial e receitas de serviços apoiam contas externas

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As transações do Brasil com o exterior acumularam saldo negativo de R$ 8,6 bilhões entre janeiro e julho deste ano, considerando o comércio de bens, de serviços e as operações de investimentos com o resto do mundo. O resultado negativo, historicamente observado nas transações com o resto do mundo, está 40,2% abaixo do acumulado no mesmo período de 2020 e 77% aquém do déficit de 2019, ainda como reflexos da crise da covid na economia doméstica.

Segundo a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Izis Janote, o saldo negativo menor nas transações correntes este ano é resultado do crescimento de 35,4% na balança comercial e de reduções líquidas das operações de serviços (-26,5%) e de investimentos (-21,8).

“A balança comercial maior ajudou a conta corrente externa, com o desempenho positivo do comércio de bens até julho, em razão do aumento das exportações acima das importações. Com menos volatilidade no câmbio este ano, as compras do exterior estão também crescendo, pois há um movimento de recomposição de estoques e investimentos em equipamentos que ficaram estagnados durante o ano passado”, avalia.

Com incrementos tanto nas quantidades exportadas quantos nas importadas, o volume de comércio está em recuperação desde março.

Já o déficit menor nas transações de serviços retrata queda nas despesas totais (-5,4%) e crescimento nas receitas com vendas de serviços do País para não residentes (+10,3%). Dentre os principais tipos de serviços comercializados, nos serviços de transportes, as receitas de venda cresceram 27% até julho, enquanto os gastos no exterior aumentaram 12,7%.

As receitas com aluguéis de equipamentos aumentaram 72%, e os gastos caíram 48%. No caso das viagens internacionais, ainda com os impactos da crise sanitária nas restrições à mobilidade das pessoas, receitas e despesas apresentam quedas em relação ao acumulado no ano passado, 28% e 38%, respectivamente.

Na conta financeira, acompanhando a retomada da economia internacional, os investimentos brasileiros no exterior saltaram de -US$ 10,7 bilhões para +US$ 15 bilhões nos sete primeiros meses de 2021. Já os investimentos diretos de estrangeiros no País aumentaram 9,8%, acumulando US$ 31 bilhões este ano ou 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 12 meses. Os passivos de investimentos em ações e títulos públicos domésticos, que haviam encerrado o ano passado em posição negativa, voltaram a crescer este ano e acumulam cerca de US$ 21 bilhões. Isso indica que os investidores estrangeiros voltaram a procurar ações e papéis da dívida pública do País, em busca de retornos mais atrativos.

“As reservas internacionais totais acumularam US$ 355,6 milhões até julho, crescimento de 0,3% em relação ao ano passado. Embora estivessem em queda desde o fim de 2019, no conceito anualizado, as reservas voltaram a subir a partir de março deste ano, oferecendo posição de liquidez confortável ao Brasil”, conclui.

As estatísticas de julho do setor externo foram divulgadas em 25/08 pelo Banco Central.

 

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