Ministério da Fazenda amplia projeção de crescimento do PIB em 2024 para 3,2%

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Estimativa anterior, apresentada pela SPE em julho, previa alta de 2,5% no PIB deste ano, porém o crescimento do 2º trimestre de 2024 superou as expectativas, ensejando a revisão

 

Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (SPE/MF) revisou para 3,2% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. A projeção anterior, de julho, considerava perspectiva de alta de 2,5% no ano. A nova projeção foi apresentada nesta sexta-feira (13/9), em entrevista coletiva da SPE para divulgação do Boletim Macrofiscal de setembro e da versão atualizada do Panorama Macroeconômico.

“Com a divulgação do PIB do segundo trimestre, o carry over para o crescimento de 2024 subiu para 2,5%. A marca de 2,5% seria, então, o crescimento de 2024 se nos próximos dois trimestres a economia do Brasil ficasse estagnada. Porém, vislumbramos mais crescimento pela frente, ainda este ano”, apontou a subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal.

No segundo trimestre de 2024, o PIB brasileiro cresceu 1,4% frente ao primeiro trimestre de 2024, conforme divulgado no início deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superando as expectativas das instituições de mercado. “Não obstante a catástrofe climática que assolou o estado do Rio Grande do Sul nos meses de abril e maio, a interrupção do ciclo de cortes na taxa básica de juros e o cenário externo adverso, até o quarto bimestre de 2024, o desempenho econômico tem se mostrado resiliente, com aquecimento do mercado de trabalho, redução do desemprego e inflação controlada”, segundo o Boletim.

O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, apresentou detalhamento do cenário conjuntural interno e externo, no contexto da revisão para cima da projeção do PIB de 2024. “O balanço de riscos que enxergamos do ponto de vista externo, hoje, é menos adverso do que enxergávamos nas edições anteriores do Boletim Macrofiscal. Há uma certeza maior acerca de flexibilização monetária nas economias mais avançadas, em particular na economia norte-americana”, apontou o secretário.

Mello citou, ainda, que no Brasil as expectativas de mercado para o crescimento do PIB e inflação em 2024 aumentaram desde julho. “Nossos indicadores coincidentes sugerem que a atividade deve seguir em expansão no terceiro trimestre”, reforçou.

Setores

Na composição da nova projeção de crescimento do PIB, há contribuições da agropecuária, da indústria e dos serviços. Anteriormente, havia expectativa de retração de 2,5% na agropecuária neste ano, mas essa projeção foi revista para recuo mais suave, de 1,9%. “Novas estimativas para a safra deste ano melhoraram as perspectivas para a colheita de milho, cana-de-açúcar e algodão. As expectativas de abate no ano também melhoram”, disse a subsecretária de Política Macroeconômica.

Para a indústria, a projeção de crescimento em 2024 subiu de 2,6% para 3,5%. “O PIB da indústria de transformação, em específico, tem surpreendido positivamente, amparado pelas melhores condições de crédito, pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e por outros programas de estímulo a investimento. O mesmo vale para o setor da construção”, apontou Raquel Nadal.

Em relação a serviços, a estimativa de crescimento da SPE para este ano foi elevada de 2,8% para 3,3%. “O crescimento desse setor reflete os novos postos de trabalho que vêm sendo gerados e o maior rendimento real dos trabalhadores. Também está relacionado às condições de crédito das famílias, que melhoraram em relação ao ano anterior”, detalhou a subsecretária.

Foram revisadas, ainda, estimativas de inflação para 2024, em relação aos valores projetados em julho. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção foi alterada de 3,90% para 4,25%. Já em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a estimativa subiu de 3,65% para 4,10%. E para o Índice Geral de Preços — Disponibilidade Interna (IGP—DI), a projeção foi revista de 3,60% para 3,80%.

A revisão para cima da projeção oficial de crescimento do PIB já havia sido antecipada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na última quarta-feira (11/9), Haddad apontou que crescimento de, no mínimo, 3% já estava assegurado para 2024. “Um piso de 3% de crescimento bastante consistente e com bom impacto na economia”, disse Haddad. O ministro vem apontando que o Brasil tem plenas condições de registrar crescimento acima da média mundial.

Houve mudanças também nas projeções da SPE para 2025, na comparação com as estimativas apresentadas em julho. Para o PIB, a estimativa foi revista de 2,6% para 2,5%. Em relação à perspectiva de inflação para o próximo ano, o IPCA foi alterado de 3,30% para 3,40%; o INPC subiu de 3,15% para 3,20% e o IGP-DI caiu de 4,00% para 3,80%.

Prisma Fiscal

As projeções de mercado, captadas pela SPE e consolidadas no Prisma Fiscal de setembro, foram apresentadas pela subsecretária de Política Fiscal, Débora Freire. “Essa coleta de setembro trouxe boas notícias em relação ao resultado primário de 2024”, afirmou, ao destacar ampliação nas estimativas de receita (arrecadação total e receita líquida) e melhora nas perspectivas sobre o resultado primário. O Prisma Fiscal é um sistema de coleta de expectativas de mercado criado e gerido pela SPE/MF.

A nova estimativa de mercado para a arrecadação das receitas federais em 2024 é de R$ 2,634 trilhões (ante R$ 2,613 trilhões, em julho). A mais recente projeção para a receita líquida aponta para R$ 2,146 trilhões no ano (frente previsão anterior de R$ 2,132 trilhões). A atual expectativa para o resultado primário é por déficit de R$ 66,66 bilhões no ano (ante déficit estimado de R$ 81,42 bilhões, em julho). Também foi apurada ligeira melhora das percepções quanto à despesa total do governo, agora projetada pelo mercado valor equivalente a 19,0% do PIB em 2024 (ante 19,2% do PIB, em julho).

“A expectativa de déficit primário de R$ 66,7 bilhões é a menor marca para a projeção de resultado primário desde o início da série. É importante que a expectativa de resultado primário tem convergido para o piso da meta de resultado de primário presente no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do terceiro bimestre”, apontou Débora Freire.

A subsecretária de Política Fiscal informou, ainda, que houve elevação das projeções relativas à Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG). “Acredita-se que pelas despesas de apoio ao Rio Grande do Sul, mas também por uma maior expectativa de juros”, explicou Débora. O patamar de DBGG previsto pelo mercado subiu de 77,46% do PIB (julho) para 77,91% do PIB (setembro).

Para 2025, os agentes de mercado melhoraram perspectivas (em relação a julho) para arrecadação das receitas federais (estimativa atual de R$ 2,779 trilhões); receita líquida (R$ 2,264 trilhões) e resultado primário (projeção de déficit de R$ 93,06 bilhões). Por outro lado, houve piora das expectativas relativa à despesa total (R$ 2,366 trilhões) e DBGG (nova estimativa em 80,61% do PIB).


Volatilidade cambial e inflação — Ao final do Boletim, encontram-se os resultados de um estudo específico sobre a relação entre volatilidade cambial e inflação. “A estimação revelou que o repasse do câmbio à inflação de livres ocorre de maneira mais significativa apenas após dois trimestres de variação cambial”, conforme o estudo elaborado pela subsecretaria de Política Macroeconômica. Esses repasses já foram incorporados nas projeções de inflação da SPE, embora apenas parcela da depreciação do real observada recentemente deve permanecer pela confluência de um cenário externo mais benigno com redução de ruídos domésticos.

Fonte: gov.br/fazenda/pt-br

Imagem: Internet

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