Evento promovido pelo MCTI reúne Governo do Brasil, especialistas da academia e setor produtivo para discutir caminhos estratégicos na construção de uma inteligência artificial justa e soberana

O Seminário Pilha de IA Nacional: Desafios para Autonomia Tecnológica e Soberania Digital começou nesta quarta-feira (1º), em Brasília (DF), com a presença de representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de instituições de pesquisa e do setor produtivo. O evento segue até quinta-feira (2).
Promovido pelo MCTI, em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), universidades, centros de pesquisa e entidades do Governo do Brasil, o encontro é um espaço de debate sobre como o Brasil pode estruturar sua própria pilha de inteligência artificial (IA), reduzir a dependência externa e fortalecer o uso de tecnologias orientadas ao interesse público, conforme previsto no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia).
O secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital (Setad), do MCTI, Henrique Miguel, destacou, durante o encontro, que a mobilização é essencial para fortalecer a pesquisa, a inovação e a integração entre ciência e mercado. “Queremos identificar em quais camadas da pilha podemos atuar de maneira incisiva com pesquisa, desenvolvimento e inovação, garantindo integração entre centros de pesquisa, universidades, setor privado e demandas da área pública. O objetivo é oferecer soluções de inteligência artificial que atendam tanto ao mercado nacional quanto ao internacional, com maior domínio tecnológico”, afirmou.
Henrique Miguel também ressaltou que, embora seja importante utilizar soluções globais já consolidadas, o Brasil precisa construir alternativas próprias a partir de sua base de dados e de aplicações estratégicas. “Não faz sentido que sejamos apenas usuários das tecnologias oferecidas pelas grandes empresas internacionais, quando temos dados e aplicações capazes de gerar soluções nacionais”, explicou. Para ele, o seminário é fundamental para apontar caminhos que reforcem a soberania tecnológica brasileira e apoiem a formulação de medidas e projetos em discussão no País.
A programação do seminário contempla apresentações técnicas e debates sobre diferentes dimensões da pilha de IA, que vão desde infraestrutura computacional de alto desempenho até aplicações em dispositivos móveis e embarcados.
“Nós temos base de dados, pesquisadores e potencial de desenvolvimento. O desafio é não nos limitarmos a ser apenas usuários das tecnologias globais, mas buscar alternativas que ampliem nosso domínio tecnológico e garantam soberania ao País”, destacou o secretário.
Durante a abertura do painel sobre as camadas superiores da pilha de inteligência artificial, o diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Caetano Penna, destacou que o Brasil precisa avançar de forma estratégica em bibliotecas, frameworks, modelos pré-treinados e plataformas de desenvolvimento que incorporem a diversidade nacional e atendam a setores prioritários, como agricultura, saúde, energia, clima e biodiversidade.
Segundo ele, essa etapa é decisiva para garantir que a inteligência artificial desenvolvida no Brasil esteja alinhada às necessidades locais e fortaleça a soberania tecnológica prevista no Pbia.
“Desenvolver uma pilha de software nacional é um desafio monumental, comparável ao que chamei de nosso Projeto Manhattan”, enfatizou. Penna defendeu que é necessário um esforço conjunto e colaborativo para que pesquisadores de instituições como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) consigam aplicar IA de ponta usando dados produzidos nacionalmente, sem depender de plataformas estrangeiras.
A programação do primeiro dia inclui painéis sobre infraestrutura tecnológica para IA, camadas superiores da arquitetura, aplicações em dispositivos móveis e embarcados, além de reflexões sobre ciência aberta, tecnologias open source e formação de profissionais especializados.
Além das discussões técnicas, o evento propõe articulação institucional entre governo, universidades e empresas para integrar políticas públicas, instrumentos de fomento e cooperação internacional.
O diretor-presidente do Serpro, Alexandre Gonçalves de Amorim, ressaltou a importância da iniciativa conjunta. “O Seminário Pilha de IA é fundamental para construirmos uma estratégia nacional que permita ao Brasil usar inteligência artificial de forma segura, inclusiva e em benefício da sociedade”, afirmou.
Na quinta-feira, estão programados painéis sobre alianças estratégicas, financiamento da soberania digital e recomendações para os próximos passos no desenvolvimento da pilha de IA brasileira.
Fonte: gov.br/mcti/pt-br
Imagem: Internet