Tendências do mercado de locação residencial marcam reunião da CBCSI

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O número de brasileiros que moram de aluguel vem crescendo nos últimos anos. As perspectivas do cenário locatício residencial nacional foram apresentadas, na primeira reunião do ano, da Câmara Brasileira do Comércio de Serviços Imobiliários (CBCSI), que ocorreu na sede da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em Brasília.

Durante a abertura dos trabalhos, o coordenador do colegiado, Pedro Wähmann, presidente do Secovi Rio, citou a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que já sinalizava essa tendência na locação. “O mercado cresce a cada ano e os dados mostram que foram três pontos percentuais na última década, o que nos motivou a trazer essa apresentação para nossos membros”, ressaltou.

Em 2022, a maior parte da população brasileira (64,6%) vivia em domicílios próprios e já pagos, mas esse percentual vem caindo desde 2016, quando esse grupo representava quase 68% dos brasileiros, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2023, divulgada pelo IBGE. Os dados, que analisam a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), mostram que 20,2% da população morava em domicílio alugado e 8,8%, em domicílio cedido.

Efeitos detectados

Empresário e especialista em direito imobiliário, Leandro Ibagy mostrou com gráficos que a frequência de alugar é maior do que a de desocupar imóveis, se mantendo em alta desde 2022. Ibagy elencou algumas razões para o crescimento da locação residencial no país como os juros altos, que afetam o processo decisório de compra do imóvel; a ampliação natural da oferta e ampliação dos valores de aluguéis e a queda no relevo cultural em prol dessa compra, com a crescente onda do experimentar antes do ter.“Em 12 anos o Brasil cresceu 10 milhões de pessoas na faixa etária que mais demanda locação de imóveis e, em que pese a valorização dos aluguéis, 80% dos brasileiros na faixa dos 25 aos 39 anos avaliam que alugar é melhor do que comprar”, complementou.

O especialista observou aspectos que tem sido cada vez mais determinantes para a locação residencial, apontando os imóveis de um dormitório como preferidos. “Os novos inquilinos buscam moradias com banda larga de internet, proximidade ao transporte público, prioridade de comércio e opções de lazer. Uma região que atenda o inquilino em sua integralidade, com academia, mercado, lavanderia, coworking, dentro dos condomínios ou perto. O cenário mudou. A sociedade está cada vez mais dinâmica. Antes, ter garagem era condição determinante para locação”, pontuou.

Ibagy concluiu que se não ocorrer nenhum fator inesperado, a partir do cenário atual, a perspectiva para o mercado é de um aumento de 25% até 2030. Para isso, sugere que as administradoras possam ampliar seus processos de captação, com a maior foco nos canais de divulgação e o reforço no trabalho de qualificação de leads.

Reforma Tributária

A regulamentação da Reforma Tributária também pautou as discussões da CBCSI. O segmento imobiliário pode ser impactado significativamente com possíveis mudanças que incluem a revisão das regras para impostos sobre propriedade, a implementação de incentivos fiscais e uma tributação específica para o setor.

O consultor tributário da CNC, Gilberto Alvarenga e o economista-chefe da Confederação Felipe Tavares discorreram sobre o trabalho elaborado, a partir dos 19 grupos de trabalhos do governo, com propostas do setor terciário.

“A CNC está atuando fortemente para que os efeitos negativos da reforma tributária sejam mitigados na sua regulamentação e isso inclui esse olhar para o setor imobiliário”, destacou Felipe.

Para Alvarenga, a atuação da CNC é fundamental para auxiliar o setor, “uma vez que quaisquer efeitos negativos que a reforma possa gerar, venham desestimular o setor habitacional, que é de extrema importância para o nosso país”.

O coordenador-geral das Câmaras, Luiz Carlos Bohn, que acompanhou a reunião presencialmente, destacou que a ação da CNC foi pontual, em temas que levaram grandes preocupações, como o simples e o creditamento pleno das etapas anteriores, independentemente do recolhimento do tributo pela fase anterior.

Bohn reforçou que todas as câmaras contribuíram com algum ponto, por meio de sugestão definidas nas suas respectivas áreas, para o documento que a CNC elaborou e foi enviado ao governo federal. “E o simples é a prova disso. Vai gerar crédito na proporção do imposto pago pelo simples, ou seja, creditamento pleno, continua valendo, as empresas do simples pagam um valor muito menor”, concluiu.

Condomínios edilícios

Outro tema abordado durante a reunião diz respeito aos condomínios edilícios e suas perspectivas atuais e futuras. Um condomínio edilício é aquele que várias pessoas possuem áreas privadas, ao mesmo tempo que compartilham áreas comuns. É o caso clássico de um condomínio de apartamentos, casas ou salas comerciais.

O presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), José Roberto Graiche Jr, em parceria com o presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Rafael Thomé, apresentou uma pesquisa sobre o mercado atual, destacando o aumento de síndicos externos, ou seja, síndicos profissionais ganhando espaço em condomínios, porém com alta rotatividade.

“O síndico é o administrador legal do condomínio e pode contar com a assessoria e o apoio de uma administradora para exercer suas funções. Independentemente do modelo do síndico, a administradora continua sendo uma parceira imprescindível na solução de problemas e na assessoria da gestão”, reforçou Graiche.

A pesquisa apontou que vem ocorrendo um crescimento vertiginoso do síndico profissional, esse perfil de síndico contratado. “Já atingindo mais de 30% em São Paulo, 20% no Rio. E a tendência é de alta, cada vez maior”, apontou.

Agenda Legislativa

Com a proximidade da entrega do texto que regulamentará a reforma tributária, os sindicatos da Habitação (Secovis) de todo o país, junto com a AABIC, ABADI, a Associação das Administradoras de Imóveis do Ceará (AADIC), a Rede Avançada de Locação (RAL) e a Rede de Locações Catarinense (RELOCA) estiveram no Congresso Nacional entregando aos parlamentares da 5ª edição da Agenda Legislativa & Projetos Prioritários – Setor de Comércio e Serviços Imobiliários 2024.

No material, constam questões de maior impacto para imobiliárias, administradoras e condomínios, abrangendo projetos prioritários acompanhados de posicionamento do setor. Foram destacados pontos envolvendo os temas de Ambiente de Negócios, Condomínios, Desenvolvimento Urbano, Locação e Incorporação e Comercialização de Imóveis.

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