Varejo e a revolução tecnológica: em palestra no Rio Innovation Week, Ronaldo Lemos destaca papel da inteligência artificial na formação de líderes

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Mauricio Ogawa, Diretor de Economia e Inovação da CNC, durante palestra no Rio Innovation Week

No cenário cada vez mais dinâmico do varejo, a incorporação de tecnologias inovadoras tem se mostrado fundamental para sobrevivência e prosperidade das empresas. Nesta quarta-feira (4), o professor da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Ronaldo Lemos promoveu uma palestra que lançou luz sobre o uso da inteligência artificial (IA) na construção de líderes, com foco especial no contexto do comércio. O evento ocorreu no Palco Conecta, da Rio Innovation Week, que vai até esta sexta-feira no Píer Mauá, no Rio, e conta com patrocínio master da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Ronaldo Lemos, advogado especialista em tecnologia e coautor do marco civil da internet, falou sobre a construção de líderes para a era digital a partir de inovação, inteligência artificial e formação. Mauricio Ogawa, diretor de Economia e Inovação da CNC, desempenhou o papel de anfitrião. O ponto de partida da palestra foi uma análise retrospectiva do avanço tecnológico, desde os primórdios da internet até os dias atuais. Lemos ressaltou que a internet, que começou como uma rede de computadores nos anos 60, evoluiu para conectar não apenas pessoas, mas também objetos e serviços graças à Internet das Coisas (IoT) e à IA. A expansão dessas tecnologias depende de redes robustas, como o 5G, da evolução da web para a Web 3.0 e do advento da Indústria 4.0, que utiliza dados para se tornar mais inteligente e sustentável.

Lemos também destacou a importância dos avanços em IA generativa, exemplificando com ChatGPT e Bard. O professor enfatizou que a IA generativa é impulsionada pela disponibilidade de dados para treinar as máquinas e que a economia dos dados permeia todos os aspectos da vida atual, desde o uso de celulares até as interações no varejo, gerando valor substancial. Segundo ele, o Brasil vem sendo instado a se envolver mais ativamente nesses processos e precisa responder à altura para garantir seu lugar entre as maiores economias mundiais.

A convergência entre dados, software, manufatura e serviços foi apontada como um caminho crucial para o Brasil gerar riqueza e prosperar na economia digital. Lemos citou a famosa analogia de que “dados são o novo petróleo” e alertou que “tal como petróleo, o dado vaza e igualmente causa danos graves”, reiterando a necessidade de que as empresas – e as pessoas – precisam ter protocolos específicos para tratamento e armazenamento de informações sensíveis.

Ronaldo Lemos destacou o papel da inteligência artificial na formação de líderes durante palestra no palco Conecta Varejo CNC, no Rio Innovation Week

O palestrante compartilhou insights de suas experiências em seu programa “Expresso Futuro”, veiculado pelo Canal Futura, no qual explora o desenvolvimento da tecnologia e da inovação em diferentes partes do mundo. Na China, ele observou que quatro pilares – IA, computação em nuvem, IoT e big data – impulsionaram a transformação digital do país a partir dos anos 1980. Na África, Lemos destacou a rápida adoção da conectividade e da economia digital, superando muitas vezes a situação brasileira.

Três lições essenciais emergiram da palestra: a importância dos dados e do software em todas as áreas produtivas; a necessidade de um plano nacional de IA para o Brasil; e a ênfase na economia do conhecimento como um catalisador para o desenvolvimento. Lemos expressou seu desejo de ver o Brasil não apenas como um grande consumidor de tecnologia, mas também como um produtor e inovador, especialmente no setor de comércio e serviços.

A palestra enfatizou ainda que o setor de comércio tem muito a ganhar com a tecnologia, desde o planejamento de estoque até a criação de relações mais profundas com os clientes. Lemos argumentou que “o maior desafio é para o pequeno produtor conseguir exportar”, o que é visto na China, por exemplo. Para exportar, é preciso trabalhar em rede, mapeando as redes locais, vendo as capacidades ociosas e trabalhando em conjunto. O Brasil tem a capacidade de dar um salto maior que o da China se aprender a “trabalhar melhor em rede”, utilizando IA, computação em nuvem e outros recursos no processo.

No encerramento, Ronaldo Lemos expressou sua visão de um futuro em que “a minha IA converse com a sua IA enquanto estamos pescando”. Ele enfatizou a importância de uma tecnologia que não apenas resolva problemas, mas também “libere tempo para nos dedicarmos a outras pessoas e ao que realmente importa”.

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