RIW debate como novas formas de trabalho podem contribuir para a sustentabilidade

Compartilhe:

Como o empresário pode gerar mais empregos verdes, impactando de forma positiva a vida das pessoas e o meio ambiente? Os chamados empregos verdes, aqueles que buscam sinergia entre o mercado de trabalho e as questões ambientais e sociais, foram debatidos no terceiro dia (5/10) do Rio Innovation Week – um dos maiores eventos de tecnologia e inovação da América Latina – que acontece de 3 a 6 de outubro, no Píer Mauá. No palco Sociedade 5.0 foi apresentado o case da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), e a analista de Sustentabilidade da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fernanda Ramos, apresentou o trabalho realizado pela entidade.

Fernanda explicou que a CNC recolhe, no Rio de Janeiro e em Brasília, todos os materiais recicláveis e faz a doação para cooperativas parceiras. Desde 2014, o descarte ambientalmente correto e socialmente justo já gerou um retorno de mais de 30 mil reais às cooperativas. Além disso, os materiais relativos a bens patrimoniais, como móveis de escritório e aparelhos de ar-condicionado, que não serão mais utilizados, são doados revertendo em mais renda para as famílias em situação de vulnerabilidade social.

Esse trabalho é seguido pela capacitação constante dos trabalhadores de asseio e conservação para a separação adequada dos materiais. A iniciativa é um compromisso da CNC, do Sesc e do Senac, por meio do Programa Ecos, com o cumprimento da Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos (PNRS), lei federal de 2010. A ação é incentivada e replicada internamente nas Federações do Comércio, Sesc e Senac em todos os estados brasileiros.

Saiba mais sobre o programa Ecos

“O papel mais impactante é proporcionar a oportunidade de profissionalizar uma atividade de trabalho, como a que é realizada pelos catadores e catadoras de materiais recicláveis, gerando emprego e renda formal para eles e suas famílias. Quando eles se profissionalizam, surge também a possibilidade da educação e da transformação da realidade social”, afirmou Fernanda.

Com a PNRS, os comerciantes passaram a ter responsabilidade na cadeia da logística reversa de produtos pós-consumo. Muitos estabelecimentos comerciais cederam espaço nas lojas para ser Ponto de Entrega Voluntário (PEV), para receber dos  consumidores eletroeletrônicos, embalagens em geral e de óleo lubrificantes, lâmpadas, medicamentos, pilhas e baterias. A CNC e as Federações trabalharam para que os PEVs fossem instalados nos estabelecimentos comerciais do País.

Ela contextualizou o que é considerado um emprego verde, exemplificando que um motorista de ônibus, que conduz um transporte coletivo, diminuindo a quantidade de carros que circulam pelas cidades, pode ser considerado um emprego verde, mais ainda se o ônibus é elétrico.

A analista citou a pesquisa realizada pela CNC, com mais de 800 empresas em todo o País, para entender quais as práticas adotadas em termos de sustentabilidade e economia circular e, também, o conhecimento sobre o significado de ESG (Environmental, Social and Governance). “Verificamos que os conceitos são mais disseminados no setor de turismo (50,7%), seguido pelo comércio (47,5%) e pelos serviços (43,2%), e que as grandes empresas têm maior conhecimento do tema. Mas também percebemos que muitas pessoas e empresas não têm consciência de que já estão trabalhando a sustentabilidade. É importante trazer a consciência quando o trabalho promove mudanças para a sociedade, com um propósito socialmente justo e de menor impacto ambiental”, disse Fernanda.

Saiba mais: CNC realiza pesquisa inédita sobre sustentabilidade, ESG e economia circular

Segundo Fernanda, a CNC trabalha para que as empresas “virem a chave” para essa nova forma de gerar valor, e não só financeiro, mas também social e ambiental. E o Sistema Comércio, com o Senac, traz formação profissional para que os trabalhadores possam se inserir ou empreender diante das oportunidades desse novo mercado; enquanto o Sesc promove a qualidade de vida com educação, saúde, assistência, cultura e lazer.

Cedae: Inclusão e reflorestamento

 O gerente executivo de ESG e Relações Institucionais da Cedae, Allan Borges, e o assessor de Programas Especiais da Cedae, Alcione Duarte, apresentaram os resultados do programa socioambiental Replantando Vida.

Duarte foi idealizador do programa, que surgiu há 22 anos e utiliza as atividades de restauração florestal como ferramentas para proporcionar oportunidades de trabalho, capacitação profissional e geração de renda para pessoas em cumprimento de pena no Estado do Rio de Janeiro. “Por termos dificuldades com a mão de obra, foi sugerido o trabalho com a população encarcerada; e outra necessidade colocada era a de reflorestamento. Unindo as duas pontas, a Cedae iniciou há 22 anos o trabalho de reflorestamento e ressocialização. Hoje, somos vistos como uma das empresas que têm mais compromisso com a ressocialização. Já foram mais de 3 mil pessoas reinseridas socialmente, por meio do trabalho”, explicou.

O programa também foi responsável por replantar 4,5 milhões de árvores. Borges apresentou pesquisa realizada com o público envolvido nessa geração de empregos verdes. “Hoje, vemos que as pessoas vendem a agenda ambiental sem comprovar o real impacto socioambiental, por isso trouxemos números da humanização e dos resultados de socialização. Para nós, os encarcerados têm nome, sobrenome, subjetividade e família”, afirmou o gerente da Cedae.

“O empresariado, por começar a olhar para o segmento de trabalhadores encarcerados, pode inclusive gerar uma economia para as empresas, mas sem esquecer o compromisso de reinserir socialmente as pessoas. Acreditar em gente é uma atitude de inteligência”, defendeu Alcione.

O painel foi conduzido pela fundadora da consultoria Com Propósito, Helena Brochado, durante o Rio Innovation Week, que vai até esta sexta-feira (6) no Píer Mauá, no Rio de Janeiro, e conta com patrocínio master da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Leia mais

Scroll to Top