Mesa inaugural reúne diplomatas para debater fortalecimento do mercado comum e ampliação de parcerias estratégicas
A 1ª Mesa da V edição da Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul (CI25) teve como tema “O Mercosul no contexto global: aprofundamento do mercado comum e a importância da diversificação de parceiros comerciais”. O debate reuniu representantes diplomáticos de diversos países e foi mediado pelo embaixador José Alfredo Graça Lima.
Na mediação, Graça Lima ressaltou o papel da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) na realização da conferência. “A iniciativa mostra o engajamento dos agentes econômicos com o processo iniciado em 1991 com o Tratado de Assunção.” Também destacou a importância do bloco para a competitividade regional. “O Mercosul passou a ser um instrumento indispensável de cooperação. A guerra tarifária atual evidencia a urgência de aumentar a produtividade e diversificar a oferta exportadora.”
O embaixador da Argentina no Brasil, Guillermo Daniel Raimondi, foi o primeiro a falar e ressaltou a relevância do Mercosul como instrumento de inserção internacional. “Precisamos manter a vontade política dos países-membros de apostar no Mercosul como ferramenta poderosa para o desenvolvimento e crescimento da região.”
Raimondi também apontou desafios regulatórios que afetam o comércio, principalmente envolvendo produtos industriais, agrícolas, de saúde e transportes, que têm gerado obstáculos.
Sobre o acordo com a União Europeia, afirmou: “Trata-se de uma associação estratégica integral, um acordo de civilizações”.
O cônsul-geral do Paraguai no Rio de Janeiro, Darío Franco, ressaltou que o Mercosul tem permitido ao Paraguai capitalizar oportunidades dentro e fora da região. “Vivemos em um mundo instável, e a assinatura de acordos extrarregionais, como o com a União Europeia, abre um leque de oportunidades que depende da nossa capacidade de atender às exigências desses mercados.”
Ele também mencionou o acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA). “A assinatura do acordo Mercosul-EFTA mostra que o bloco está ativo, em constante movimento e em busca de novos mercados, permitindo ao setor produtivo buscar melhores opções para o destino de seus produtos.”
O cônsul-geral do Canadá no Rio de Janeiro, François Jubinville, destacou que o mundo vive um momento de rápidas transformações, marcado por tensões geopolíticas, incertezas econômicas e mudanças nas cadeias de valor. “Esses fatores estão levando os países a repensar como se engajar globalmente. O Canadá está tomando medidas para fortalecer sua resiliência econômica, tanto internamente quanto por meio de parcerias internacionais.”
Nesse sentido, para Jubinville, o Mercosul é visto como parceiro estratégico. “Vemos essa região não apenas como mercado, mas como um parceiro com valores compartilhados, forças complementares e forte apetite por inovação e crescimento. Embora os Estados Unidos sejam nosso principal parceiro, precisamos ampliar horizontes. Por isso, temos a meta de dobrar as exportações canadenses a outros países até 2035.”

O cônsul-geral da Suíça no Rio de Janeiro, Michael Schweizer, reforçou a importância do acordo entre o Mercosul e a EFTA, da qual a Suíça faz parte. “Acreditamos muito nesse novo instrumento comercial que representa não apenas uma oportunidade econômica, mas também uma declaração de princípios, cooperação e confiança entre os blocos.”
Schweizer mencionou ainda a busca do país por diversificação comercial e o papel estratégico do Brasil nas relações bilaterais. “O Brasil sempre foi um parceiro muito importante para nós. Somos o terceiro maior investidor no país e o quinto na Argentina. Mesmo sendo um país pequeno, temos presença forte, e vocês são parceiros importantes para nós.”
Já o cônsul-geral do Líbano no Rio de Janeiro, Joe Turk, reconheceu o papel do Sistema CNC-Sesc-Senac na promoção de laços econômicos e comerciais mais fortes entre o Líbano e o Brasil. “Valorizamos profundamente o espírito de cooperação que tem caracterizado nossas trocas desde o início da primeira rodada de negociações em 2019.”
Apesar da suspensão das negociações formais, Turk reafirmou o compromisso do Líbano com o processo. “Seguimos acompanhando os desenvolvimentos comerciais, inclusive os que envolvem o Mercosul e a União Europeia, e estamos abertos à retomada do diálogo em momento oportuno.”
Por fim, o conselheiro de Comércio e Agricultura da Delegação da União Europeia no Brasil, Damian Vicente Lluna Taberner, trouxe uma notícia relevante sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia: “Durante o encontro entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente Lula, em Belém, por ocasião da COP30, foi confirmada a intenção de assinatura do acordo no dia 20 de dezembro de 2025”.
Segundo Taberner, trata-se de um acordo moderno, com grande valor geopolítico e muitas possibilidades de desenvolvimento. “Para o Mercosul, pode ser estruturante pela institucionalidade que traz e pela criação de mecanismos de diálogo e cooperação.”
Taberner enfatizou que o acordo contempla áreas tradicionais do comércio, mas também abre espaço para temas estratégicos. “Teremos avanços nas áreas de sustentabilidade, comércio de serviços e comércio digital. Esse acordo faz parte de uma rede mais ampla de tratados que mantemos com outros países e blocos.”
A CI25 é organizada pelo Conselho de Câmaras de Comércio do Mercosul (CCCM) durante a Presidência pro tempore brasileira do bloco, intensificando o compromisso do Brasil e da CNC de fortalecer a integração regional.
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