A segunda reunião da CBMEC destacou liderança, redes de negócios e atuação da CNC em defesa de projetos prioritários para mulheres no setor terciário.
Brasília foi palco, na sexta-feira (29/08), da segunda reunião do ano da Câmara Brasileira das Mulheres Empreendedoras do Comércio (CBMEC), realizada na sede da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O encontro reuniu empresárias e representantes institucionais das Federações do Comércio e Federações Nacionais para discutir práticas de liderança, fortalecimento de redes de negócios e acompanhamento legislativo em prol do empreendedorismo feminino.
A reunião foi conduzida pela coordenadora da CBMEC, Laura Paiva, e contou com a participação do coordenador-geral das Câmaras da CNC, Luiz Carlos Bohn, que confirmou a importância do trabalho integrado das câmaras temáticas como espaço de diálogo e construção coletiva.

Na abertura, Laura destacou a representatividade alcançada pelo grupo. “É uma alegria tremenda estar aqui em Brasília e ver mais de 30 mulheres representando todo o nosso Brasil. Uma das primeiras metas que tínhamos era justamente atingir este país continental com uma representante em cada estado. Hoje, todos os Estados e o Distrito Federal estão aqui presentes. Nosso propósito é ser ponte para que cada uma leve informações e experiências para suas regiões, reverberando e fortalecendo outras mulheres empresárias.”
Ela também ressaltou a participação da CBMEC no Sicomércio e no encerramento do projeto Elas por Elas, no Tocantins, enfatizando a oportunidade de aprendizado e valorização da pauta feminina.
A gerente da Assessoria das Câmaras Brasileiras do Comércio e Serviços (ACBCS), Andréa Marins, ressaltou a importância da integração da CBMEC com as áreas técnicas da Confederação. Segundo ela, para cada reunião, são levantadas sugestões que, posteriormente, são trabalhadas internamente. Andréa também destacou a evolução da participação feminina nas Câmaras. “Hoje temos a mais antiga delas, a CBCSI, que completará 30 anos em 2026. Quando as Câmaras foram criadas, praticamente não havia mulheres. Mas a realidade vem mudando: Atualmente, já são 22 mulheres presidentes de sindicatos nas diversas Câmaras e, no total, 99 mulheres entre os 565 integrantes das Câmaras.”
Mulheres do Brasil

A fundadora do Grupo Mulheres do Brasil, Annette Reeves, apresentou Quando a Liderança Vira Legado, salientando como a atuação cotidiana das mulheres pode transformar vidas e inspirar novas gerações de empreendedoras. Britânica radicada no Ceará desde 1983, Annette deixou uma carreira executiva para construir trajetória de sucesso no Brasil, destacando-se na indústria e ocupando cargos de liderança em empresas como a Mallory.
Essa vivência a aproximou de líderes como Luiza Helena Trajano, com quem participou das primeiras mobilizações em Brasília, nos anos 1990, em defesa da redução do IPI. A partir dali, um grupo de 40 mulheres iniciou um movimento que se consolidaria no Grupo Mulheres do Brasil, hoje com 135 mil integrantes, presente em todos os Estados e em 21 países, com núcleos nos EUA e na Europa.
A organização atua de forma voluntária em causas como combate à violência contra a mulher, prevenção de doenças como HPV e câncer de colo do útero, educação, cultura, igualdade racial, inclusão social e defesa da democracia e dos direitos humanos. Entre as conquistas já alcançadas, está a lei que garante 30% de participação feminina em conselhos de empresas públicas e mistas, além de parcerias com embaixadas e consulados para apoiar brasileiras no exterior.
Segundo Annette, a força do grupo está na simplicidade, na transparência e no propósito coletivo. “Ao unir mulheres em torno de objetivos comuns, sem antagonismos, mas em favor da igualdade de oportunidades, o grupo demonstra como a liderança compartilhada pode transcender o individual e se transformar em legado duradouro.”
Parcerias estratégicas

Na sequência, Cláudia Regina Colpi, da Fecomércio-PR, apresentou o tema Networking e Parcerias Estratégicas para Crescimento de Negócios, explicando que o networking é a arte de construir e manter uma rede de contatos, enquanto parcerias estratégicas ampliam o alcance e fortalecem resultados.
A Fecomércio-PR é pioneira na promoção de fóruns femininos dentro do Sistema Comércio. Desde 2006, a Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios (CMEG) atua em 22 municípios do Estado, promovendo rodadas de negócios em que cada participante apresenta sua empresa e identifica oportunidades.
Em 2024, as iniciativas impactaram cerca de 3 mil empresárias, com cafés mensais que reuniram entre 85 e 150 empreendedoras. Segundo Cláudia, o objetivo é gerar parcerias e negócios de forma rápida e eficiente, fortalecendo a rede de empreendedoras. Ela também compartilhou dicas: preparar-se antes do evento, manter contato após os encontros e ter foco maior no relacionamento do que na venda imediata.
Os resultados incluem novas parcerias, negócios fechados entre participantes, aprimoramento do pitch de apresentação e maior valorização dos diferenciais de cada empresa. Para Cláudia, essas práticas criam grupos liderados por mulheres que impulsionam empoderamento, desenvolvimento profissional e novas oportunidades de carreira.
Processo legislativo

O momento legislativo foi conduzido por Ana Paula Barbosa, da Diretoria de Relações Institucionais (DRI) da CNC, que apresentou um panorama da atuação institucional em Brasília. Ela explicou como ocorre o processo legislativo, enfatizando a importância do acompanhamento próximo das proposições que impactam o setor terciário.
Segundo Ana Paula, a estratégia da CNC tem permitido reduzir projetos divergentes aos interesses do Sistema Comércio, alcançando hoje 52% de proposições consideradas favoráveis. Esse resultado reflete seis anos de atuação contínua, consolidando a presença da entidade no Congresso.
Ela também destacou a participação da CNC na MP 1.147/2022, que alterou a legislação do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) e inspirou a criação da Semana S, hoje agenda permanente de articulação institucional.
Outro ponto foi a composição da Secretaria da Mulher na Câmara dos Deputados (2025–2026), formada pela Coordenação-Geral dos Direitos da Mulher e pela Procuradoria da Mulher, responsáveis por acompanhar projetos de interesse da bancada feminina, receber denúncias, cooperar com organismos nacionais e internacionais e fiscalizar políticas públicas voltadas para a mulher.
Por fim, Ana Paula reforçou como as Federações podem atuar em prol do setor terciário, destacando o papel da mobilização regional. Entre os projetos prioritários em tramitação, ressaltou o PLP nº 31/2021, relatado pela deputada Silvye Alves (União-GO), que cria o MEI-Mulher Empreendedora, e o PL nº 1.098/2023, relatado pela senadora Leila Barros (PDT-DF), que garante prioridade a negócios liderados por mulheres no PNMPO (Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado).
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