Fotos: Fabiano Veneza

iFood mostra no Tech Day 2025 como a inteligência artificial está moldando o futuro do varejo digital

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Durante o painel Conectando Negócios e Pessoas no Mundo Digital, o gerente de Relações Institucionais do iFood, Lucas Piton, apresentou dados sobre o ecossistema da empresa e explicou como a inteligência artificial está por trás da personalização, da fidelização e da eficiência operacional no delivery

O painel Conectando Negócios e Pessoas no Mundo Digital, parte da programação do Tech Day 2025 do Sistema CNC-Sesc-Senac, reuniu nesta terça-feira (28) o gerente de Relações Institucionais do iFood, Lucas Piton, e o diretor de Tecnologia e Inovação da CNC, Maurício Ogawa, para discutir as novas estratégias do varejo e os impactos da inteligência artificial (IA) na transformação digital dos negócios.

Logo no início, Piton trouxe uma reflexão sobre o papel dos dados no cenário atual. “Todo mundo fala que dado é o novo petróleo, mas a verdade é que o valor está na informação, no que fazemos com os dados. O dado, por si só, não muda nada. O que muda é a capacidade de transformá-lo em combustível para a decisão e para a inovação”, afirmou.

Ele destacou que empresas como o iFood, Google, Meta e Stone têm se diferenciado justamente por saber converter grandes volumes de dados em ações concretas.

“A inteligência artificial é o motor que transforma dado em combustível. E isso é o que nos permite personalizar experiências, antecipar demandas e otimizar resultados”, completou.

O diretor Maurício Ogawa, mediador do painel, elogiou o papel do iFood na integração entre tecnologia e negócios. “Vocês estão conseguindo identificar padrões de consumo e antecipar tendências de forma impressionante. Há casos em que o sistema reconhece, por exemplo, que uma região tem alta demanda por tapioca e informa a padarias locais que já têm a matéria-prima para incluírem o produto no cardápio. Essa é a IA trabalhando em favor do empreendedor”, avaliou Ogawa.

iFood como empresa brasileira de tecnologia

Durante o painel, Piton ressaltou que o iFood é uma empresa 100% brasileira de tecnologia. “Se alguém disser que o iFood não é brasileiro, é mentira. Nascemos em Jundiaí, crescemos com base em inovação e hoje somos parte do cotidiano de milhões de pessoas”, disse.

O gerente apresentou um panorama do negócio em 2025, com 120 milhões de pedidos mensais, 60 milhões de usuários ativos, 450 mil entregadores e 460 mil estabelecimentos parceiros. “Movimentamos o equivalente a 0,64% do PIB brasileiro, R$ 140 bilhões por ano. Isso equivale ao PIB de Recife e é maior que o de São José dos Campos”, salientou.

Ele lembrou que o iFood nasceu em 2011, evoluiu por meio de fusões e aquisições, como Disque Cook, Delivery Hero e Rocket, e teve crescimento exponencial durante a pandemia.

“No primeiro lockdown, fazíamos 30 milhões de pedidos. Um ano depois, esse número dobrou. Hoje, fazemos quatro vezes mais. O iFood é uma empresa de tecnologia que cresceu ao atender uma necessidade essencial: conectar quem produz, quem entrega e quem consome.”

Piton também ressaltou o compromisso com a valorização dos entregadores. “O iFood oferece sete modalidades de seguro, inclusive específicos para mulheres. Além disso, mantém canais diretos de escuta com os entregadores, porque acreditamos que melhorar a jornada deles é essencial para fortalecer o ecossistema”, explicou.

Máquina invisível

Durante a conversa com Ogawa e o público, Piton detalhou como a inteligência artificial está presente em todas as etapas do processo. “Hoje, um único pedido no iFood ativa mais de 160 ferramentas de IA, desde a confirmação até a entrega. Sem tecnologia, seria impossível escalar para 120 milhões de pedidos por mês”, disse.

Ele explicou que cada transação envolve 300 variáveis de segurança processadas em 650 microssegundos, com 98% de aprovação e apenas 0,08% de estorno. “Chegamos a esse nível depois de muita aprendizagem. Quem lembra do Dia dos Namorados de 2020 sabe o que foi aquele caos. Mas foi ali que aprendemos a detectar fraudes e a melhorar nossos sistemas.”

Piton descreveu a “jornada do pedido” como orquestra de inteligência artificial, que começa no clique do cliente, passa pela confirmação do restaurante, entra na expedição e termina com a entrega.

“Cada pedido é monitorado em tempo real por dezenas de algoritmos que calculam o tempo ideal de preparo, o trajeto mais rápido e o entregador mais próximo. Tudo isso para garantir que a refeição chegue quente e no tempo médio de 38 minutos, e nosso novo desafio é reduzir para 20”, afirmou.

Segundo ele, o uso de IA vai muito além da automatização. “Estamos falando de cultura interna de experimentação. Cada um dos 8 mil colaboradores do iFood é estimulado a criar o seu próprio agente de inteligência artificial para entender como essa tecnologia pode otimizar o trabalho e resolver problemas reais”, esclareceu.

“É como se, todo dia, o iFood administrasse a saída de um estádio com 45 mil pessoas ao mesmo tempo, só que multiplicado por milhões. Essa comparação mostra o tamanho do desafio logístico e o papel da IA como cérebro dessa operação”, ressaltou.

Fidelização e hiperpersonalização

Ao projetar o iFood para a próxima década, Piton citou uma reflexão do fundador da Amazon, Jeff Bezos: “Os clientes sempre vão querer pagar menos, ter mais opções e receber mais rápido. Essa é a base sobre a qual construímos o futuro”.

Segundo o executivo, o iFood trabalha para dobrar o volume de pedidos nos próximos anos e a estratégia passa por fidelização, personalização e eficiência. “Queremos transformar os 120 milhões de pedidos em 240 milhões. Para isso, investimos em programas como o Clube iFood, entregas ultrarrápidas de até 20 minutos e soluções de crédito e pagamento para restaurantes parceiros”, afirmou.

Piton apresentou também o conceito de duas frentes de negócio: o marketplace, que reúne pedidos de delivery de alimentos, farmácias e supermercados, e o iFood Pago, a fintech da companhia. “Já vislumbramos o iFood como banco do restaurante, oferecendo crédito, gestão financeira e pagamentos integrados”, contou.

Outra aposta são as novas ocasiões de consumo. “De 2023 a 2025, o turno da madrugada cresceu 41% e o de café da manhã, 72%. Isso mostra que o brasileiro incorporou o delivery em todas as horas do dia”, afirmou.

Parcerias e integração entre plataformas

O iFood também está expandindo seu ecossistema digital por meio de parcerias com empresas como Uber, Decolar, Simpla e CRM Bonus, que juntas somam mais de 250 milhões de usuários.

“Essas parcerias permitem cruzar dados de comportamento e oferecer experiências integradas. Se o sistema percebe que você vai a um evento pela Sympla e reserva um hotel pela Decolar, ele pode sugerir um restaurante via iFood e até um deslocamento com desconto pela Uber”, exemplificou Piton.

Ele defendeu que a personalização e a recorrência são os pilares do crescimento. “O segredo está em entender o cliente no contexto. Saber que ele está viajando, participando de um evento, descansando ou trabalhando em casa. A IA nos permite oferecer o que ele precisa, no momento certo, com eficiência e conveniência”, salientou.

Educação, bem-estar e políticas públicas

Em suas considerações finais, Piton destacou a importância da parceria entre o iFood e o Sistema Comércio. “É uma honra trabalhar com a entidade máxima do comércio e dos serviços. O iFood faz parte desse ecossistema, e a tecnologia é uma forma de serviço”, afirmou.

Ele dividiu essa aproximação em três pilares: educação, bem-estar e políticas públicas. “O iFood já concedeu mais de seis mil bolsas de estudo a entregadores, que concluíram o ensino médio pela plataforma. Imagine o impacto de uma parceria com o Senac, formando jovens e familiares de entregadores em áreas como tecnologia e programação”, propôs.

Piton também sugeriu iniciativas conjuntas com o Sesc, voltadas ao bem-estar dos trabalhadores e à oferta de cursos e campanhas de conscientização digital. E, por fim, ressaltou a importância da colaboração com governos locais na área da segurança pública, citando o uso de tecnologia para identificar entregadores e evitar abordagens indevidas.

“Queremos ajudar a construir políticas públicas que melhorem o ambiente de negócios e protejam quem faz parte do nosso ecossistema”, destacou.

Encerrando o painel, Ogawa elogiou a clareza e a profundidade da apresentação. “O iFood mostra que a inteligência artificial não é só uma tendência tecnológica, mas uma ferramenta de integração humana e social. Conectar negócios e pessoas é exatamente o que o Sistema Comércio busca promover”, pontuou.

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