Consumo das famílias reage no fim do ano e reforça otimismo moderado no comércio

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Intenção de consumo cresce em dezembro e supera nível de 2024, enquanto confiança dos empresários avança no mês, mas ainda fica abaixo do resultado do ano passado

O consumo das famílias brasileiras ganhou impulso no encerramento de 2025 e passou a sinalizar um ambiente mais favorável para o comércio. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), avançou em dezembro e voltou a superar o resultado registrado em igual mês de 2024, refletindo o impacto das datas sazonais e do maior otimismo no curto prazo.

O índice subiu 4,9% na comparação com novembro, já descontados os efeitos sazonais, e interrompeu a sequência de quedas na análise anual, com crescimento de 0,2% frente a dezembro do ano passado. O movimento foi puxado principalmente pelo aumento do Momento para Compra de Bens Duráveis (+7,7%) e pela melhora da percepção sobre o Acesso ao Crédito (+5,4%), itens diretamente associados às promoções e ao aquecimento do mercado no fim do ano.

Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o resultado confirma a relevância do consumo das famílias para sustentar a atividade do comércio. “O fim de ano continua sendo decisivo para o setor, pois ajuda a recompor a confiança dos consumidores e movimentar o comércio, mesmo em um cenário de juros elevados. A reação da intenção de consumo mostra a resiliência das famílias e o peso das datas sazonais para a economia”, afirma.

Famílias de menor renda lideram retomada da intenção de consumo

A melhora da ICF em dezembro foi mais intensa entre as famílias de menor renda, que passaram a apresentar desempenho superior ao observado no mesmo período de 2024. Esse grupo também registrou os maiores avanços na comparação mensal, indicando que o consumo de fim de ano segue sendo fortemente impulsionado pelas camadas de renda mais baixas.

O acesso ao crédito foi um dos principais fatores para esse resultado, com crescimento mais expressivo entre as famílias com renda de até dez salários mínimos. Já entre os consumidores de maior renda, a intenção de consumo ainda apresenta queda na comparação anual, sinalizando mais cautela diante do cenário econômico e das condições financeiras mais restritivas.

Confiança do empresário acompanha melhora do consumo, mas segue abaixo de 2024

O avanço na intenção de consumo das famílias ajudou a sustentar a recuperação da confiança dos empresários do comércio no fim de 2025. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) cresceu 2,3% em dezembro, na série com ajuste sazonal, alcançando 101,7 pontos e retornando ao patamar que indica confiança.

Apesar da melhora no curto prazo, o indicador ainda permanece inferior ao observado um ano antes. Na comparação com dezembro de 2024, o Icec registrou queda de 5,9%, refletindo principalmente a avaliação negativa dos empresários sobre as condições atuais da economia e os efeitos do ciclo de juros elevados sobre o consumo e os investimentos.

Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, os dados mostram um cenário de recuperação pontual, sustentado por fatores sazonais. “O aumento da confiança dos empresários acompanha a reação do consumo no fim do ano, mas a queda na comparação anual indica que o ambiente macroeconômico ainda impõe limites. O custo do crédito e a incerteza sobre a trajetória dos juros seguem sendo os principais desafios para uma retomada mais consistente”, avalia.

“A convergência entre a melhora do consumo e o avanço mensal na confiança empresarial aponta um fechamento de ano mais positivo para o comércio, mas ainda dependente de estímulos temporários”, conclui Tadros. “A consolidação desse movimento em 2026 vai depender, sobretudo, da evolução dos juros, do crédito e do mercado de trabalho.”

Confira as duas análises completas aqui

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