Resultado de outubro reforça resiliência do setor, que opera 20% acima do nível pré-pandemia e lidera recuperação econômica
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta que o volume de serviços no Brasil encerrará 2025 com crescimento de 3,5%, impulsionado pelo dinamismo do mercado interno e pela solidez da demanda em segmentos-chave como transporte, turismo e tecnologia. Para 2026, a expectativa é de alta mais moderada, de 1,7%, refletindo um cenário de menor tração econômica, mas ainda com fundamentos que sustentam a expansão do setor.
A estimativa foi divulgada após a publicação dos dados de outubro da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou crescimento de 0,3% frente ao mês anterior. Foi o nono avanço consecutivo do indicador, renovando o recorde da série histórica. Com esse desempenho, o volume de serviços opera 20,1% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), reforçando seu papel de destaque na atividade econômica nacional em 2025.
O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, destacou que o setor de serviços tem sido pilar de resiliência diante de um ambiente macroeconômico delicado. “Apesar dos desafios impostos pelo cenário fiscal, pela política monetária ainda restritiva e pelas incertezas internacionais, os serviços seguem apresentando um desempenho firme e sustentado, apoiado no dinamismo do mercado de trabalho, no crescimento da renda real e na confiança dos consumidores. Esse ciclo de expansão reflete também a atuação integrada do Sistema Comércio, por meio da qualificação profissional, apoio ao empreendedorismo e estímulo ao consumo responsável”, afirmou.
A taxa de desocupação permanece em 5,6%, mínima histórica, enquanto a renda habitual das famílias segue em trajetória de crescimento. Esse contexto tem estimulado a demanda por serviços, especialmente os relacionados ao turismo, transporte aéreo e tecnologia, que continuam entre os segmentos de maior expansão.
Transportes e tecnologia lideram; turismo tem recuperação gradual
Segundo o economista da CNC João Vitor Gonçalves, os dados da PMS de outubro refletem um setor em expansão, mas com dinâmicas distintas entre os segmentos. “As altas sucessivas do volume de serviços indicam uma trajetória sólida, sustentada principalmente pelos segmentos de transportes e de tecnologia da informação. Por outro lado, atividades como os serviços prestados às famílias ainda enfrentam obstáculos para uma recuperação mais vigorosa, diante de um consumo que permanece cauteloso em segmentos como alimentação fora do domicílio e hospedagem”, avaliou.
O setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio registrou crescimento de 1% em outubro, impulsionado pelo transporte aéreo, que avançou 4,3% no mês e acumula alta de 21,1% em 12 meses. A demanda por logística, estimulada pelo comércio eletrônico, também segue elevada.
Os serviços de informação e comunicação cresceram 0,3% no mês e acumulam alta de 5,5% em 12 meses, liderando entre os grandes grupos da pesquisa. Já os serviços profissionais, administrativos e complementares registraram alta de 0,1%. O grupo de serviços prestados às famílias também avançou 0,1%, mas segue com desempenho moderado. Por fim, o grupo de outros serviços teve crescimento de 0,5% no mês, embora ainda apresente queda acumulada de 1,7% em 12 meses.
A CNC projeta nova expansão em novembro, com estimativa de crescimento de 0,16% para o mês. Mesmo com uma esperada desaceleração em 2026, o setor deve manter protagonismo na economia, sustentado por fatores estruturais como ocupação elevada, renda crescente e maior circulação de pessoas nas cidades.