Confirmando as projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 17/09, manter a Selic em 15% ao ano. A entidade já antecipava a estabilidade da taxa básica de juros até o fim do ano, apesar da preocupação com os impactos dos juros altos sobre a atividade econômica.
A avaliação do Copom leva em conta a trajetória recente da inflação. O IPCA de agosto apresentou variação negativa de 0,11%, com a inflação de alimentos registrando queda há três meses, o que contribuiu para o arrefecimento do índice acumulado em 12 meses. Por outro lado, os serviços continuam pressionando, reflexo de um mercado de trabalho aquecido, com desemprego em 5,6% no trimestre encerrado em julho, a menor taxa da série histórica.
As expectativas para o IPCA em 2025 seguem em queda: a mediana do Boletim Focus recuou de 4,95% para 4,83% nas últimas quatro semanas. Já a projeção para o PIB passou de 2,21% para 2,16%. Esses números indicam que a inflação deve encerrar o ano abaixo do esperado anteriormente, embora ainda haja divergência entre agentes do mercado e o Banco Central.
“O Brasil precisa de um ambiente de negócios mais favorável, que incentive o consumo e o investimento. Juros persistentemente altos dificultam o crescimento e travam a geração de empregos”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Para o economista-chefe da entidade, Fabio Bentes, a Selic elevada ajuda a controlar a inflação, mas já cobra um preço alto sobre a economia real. “Os indicadores de atividade mostram retração em setores como comércio e indústria. A manutenção da Selic em 15% prolonga essa pressão sobre o crescimento”, avalia.