Câmara debate influência da tecnologia no comércio

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A Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação (CBTI), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), realizou sua primeira reunião em 18 de junho, no Rio de Janeiro, para debater as mudanças que as tecnologias trazem para o comércio, avanços na legislação do segmento e incentivos para o setor. Em 2015, a CBTI tem o objetivo de discutir os impactos das tecnologias de informação e comunicação (TICs) na atividade do comércio e propor recomendações para a expansão do uso dessas tecnologias no setor.

A Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação (CBTI), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), realizou sua primeira reunião em 18 de junho, no Rio de Janeiro, para debater as mudanças que as tecnologias trazem para o comércio, avanços na legislação do segmento e incentivos para o setor. Em 2015, a CBTI tem o objetivo de discutir os impactos das tecnologias de informação e comunicação (TICs) na atividade do comércio e propor recomendações para a expansão do uso dessas tecnologias no setor.

Segundo o coordenador da CBTI, Francisco Saboya, a Câmara dará ênfase às tecnologias associadas ao comércio eletrônico e às ferramentas de redução de riscos de cadastro, crédito e outras fontes de perdas para o setor. Para o secretário-geral da Confederação, Marcos Arzua, a CNC procurou reunir representantes e empresários de todo o País em torno do tema. “Nossa intenção é acolher os debates relevantes para o segmento e transformá-los em ações de representação e políticas defendidas pela CNC, pelas federações e pelos sindicatos”, afirmou.

Francisco Saboya, que é diretor-presidente do parque tecnológico Porto Digital, em Recife (PE), e especializado em desenvolvimento de software e economia criativa, abordou o acesso e o uso da internet no País e apresentou dados do Comitê Gestor da Internet (CGI) que mostram que cerca de 40% dos domicílios brasileiros estão conectados, o que equivale a 86 milhões de pessoas. No entanto, esses números diminuem nas áreas rurais e mais afastadas dos grandes centros urbanos e em domicílios das classes C e D. Por isso, ele destaca a necessidade de democratizar o uso da internet. “Enquanto o Brasil não endereçar uma política de acesso a uma internet de qualidade e de baixo custo, essa situação não mudará, e é preciso que se veja a inclusão digital como uma questão social”, afirmou Saboya.

A TI para o comércio

A CBTI abordou de que forma a tecnologia influencia e traz mudanças para o comércio, discutindo temas como o comércio eletrônico, crimes eletrônicos, eSocial e o sistema eletrônico de licitações (pregões on-line). O presidente da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac), Edgar Segato Neto, lembrou que cada vez mais o governo aumenta a exigência da entrega de documentação trabalhista, entre outras, de forma eletrônica. Ele citou o eSocial, projeto do governo federal que unifica o envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados por meio eletrônico. “Num país do tamanho do Brasil e com as dificuldades de acesso à internet que enfrentamos, não sei como será possível cumprir com as exigências do eSocial”, disse.

Comércio Eletrônico – O volume de negócios no comércio eletrônico em todo o mundo é de US$ 1,4 trilhão, e no Brasil alcança R$ 35,8 bilhões, com uma taxa de crescimento de 24% ao ano (2014), contabilizando mais de 100 milhões de pedidos. Para o coordenador da CBTI, o comerciante não pode mais estar fora desse processo, e hoje apenas 13% das empresas realizam comércio eletrônico. “As TICs e o comércio eletrônico requerem novas estratégias comerciais para compra e venda de produtos e serviços on-line”, declarou Saboya. Ele também lembrou a necessidade dos empresários estarem mais presentes nas redes sociais, onde estão os clientes. “Mais de 90% das empresas com mais de 10 funcionários têm acesso à internet, mas apenas 37% delas usam as redes sociais, onde estão 77% dos clientes conectados” completou Saboya.

Educação para o uso da internet – Durante a reunião da CBTI foi levantada a necessidade de orientar o empresário do comércio a como utilizar as TICs para gerar mais lucros e melhorar o trabalho. Para Jean Paul Neumann, da empresa NTech Tecnologia da Informação, uma das principais ações da CNC deve ser conscientizar o comerciante sobre a realidade do comércio eletrônico. Ele citou como um dos entraves às lojas on-line o alto índice de chargeback, quando ocorre o cancelamento de uma venda feita com cartão de débito ou crédito. “Isso atrapalha a entrada dos pequenos e médios comerciantes no comércio eletrônico. Mesmo que uma venda tenha sido autorizada, se a operadora do cartão de crédito descobrir que a compra foi fraudada, ela repassa o prejuízo para o comerciante”, destacou Neumann.

A TI como negócio

Outra reivindicação apresentada na reunião da Câmara foi pensar a TI como um setor estratégico não apenas em razão das contribuições que ela oferece para o comércio. “A TI é um setor economicamente viável. A Apple é, hoje, a empresa mais valiosa do mundo e equivale à Bovespa. A índia importa tecnologia, e o Brasil está engatinhando. É preciso pensar esse setor como um negócio”, defendeu Marcos Villela, representante da Fecomércio-GO.

Nesse sentido, a CBTI debateu a importância de se defender um avanço na legislação para o segmento, com uma lei que aborde exclusivamente a proteção aos dados pessoais e também incentivos para o setor. Para o advogado Renato Opice Blum, que representa a Fecomércio-SP na CBTI, é preciso avançar na legislação para o segmento, e o Brasil está atrasado em relação aos demais países. “O Direito é, por natureza, atrasado. Na área tecnológica é ainda mais. Na parte jurídica, nossos tribunais se adequam bem, mas na área legislativa temos que estar atentos e agir em conjunto para que não surjam leis que são retrocessos, como o Marco Civil da Internet” afirmou.

Para o secretário-geral da Confederação, Marcos Arzua, o papel da CNC e das federações é promover as condições políticas para o desenvolvimento do setor. “Precisamos levantar as necessidades e soluções para o setor avançar e mapear as lideranças políticas que podem apoiar e levar adiante projetos de lei. Saímos daqui com o compromisso de retomar esse debate e entregar, até o final deste ano, uma agenda completa e estruturada para o desenvolvimento do segmento de TI”, concluiu Arzua.

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