Formação de mão de obra é destaque na reunião da CBTI

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A pandemia acelerou a transformação digital e levou muitas empresas a lidar com um gargalo: a falta de mão de obra na área de Tecnologia da Informação (TI). Essa foi a principal pauta debatida na última reunião do ano da Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação (CBTI), órgão consultivo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ocorrida no dia 19 de novembro.

O coordenador do grupo, Antonio Florencio de Queiroz, que também é presidente da Fecomércio-RJ, abriu os trabalhos convidando a presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro) no Rio de Janeiro, Maria Luiza Reis. Ela falou sobre o Programa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, “MCTI Futuro: Futuro do Trabalho, Trabalho do Futuro”, que tem como objetivo ampliar o contingente de profissionais (mão de obra) para atuar nos ecossistemas digitais, em projetos de transformação digital e de pesquisa.

“O País tem um desemprego estrutural, com índices altos; porém, em contrapartida, com muita oferta de colocação nessa área de TI, mas sem mão de obra qualificada”, observou. Para Maria Luiza, a sociedade não está preparada para ser um fornecedor de tecnologia, mas está preparada para ser usuário. “O brasileiro adora e consome muita tecnologia. E nosso objetivo é fazer com que esse segmento continue a crescer e tenha destaque na economia do País. Por isso, é preciso investir em capacitação”, apontou.

Na linha desse programa, a Assespro já desenvolve uma parceria com o Senac-RJ, o Projeto Forsoft, que qualifica e emprega jovens de 18 a 24 anos, em situação de vulnerabilidade social, em áreas relacionadas à TI, especialmente para se formarem como programadores e desenvolvedores de tecnologia. “Já fazemos esse trabalho há 10 anos e, neste ano, tivemos uma dimensão nova com o Senac. O diferencial é que no nosso modelo de curso há uma relação mais próxima com as empresas, que escolhem três afilhados daqueles que estão em curso que recebem ajuda de transporte e alimentação e ao final têm o compromisso de contratar ao menos um aluno”, revelou.

Membros da Câmara se interessaram pela iniciativa e sinalizaram o interesse em desenvolver programa semelhante em seus estados.
Senac 4.0
O responsável técnico de Desenvolvimento de Projetos Educacionais, da Diretoria de Educação Profissional do Departamento Nacional do Senac, Anderson Pena, apresentou na reunião o programa de educação profissional 4.0.

O programa, explicou, consiste em buscar, por meio da formação profissional, a antecipação, adaptação e mitigação dos efeitos da revolução digital nas empresas e trabalhadores dos setores foco de atuação do Senac, ou seja, disponibilizar para a oferta dos Departamentos Regionais percursos formativos nas perspectivas de upskiling (aprimoramento) e reskilling (requalificação) de trabalhadores e formação inicial de jovens em ocupações do segmento do comércio de bens, serviços e turismo impactados pela revolução 4.0.

Para Anderson, o programa é uma excelente oportunidade para reformulação e modernização do portfólio do Senac em TI. As trilhas foram organizadas a partir de pesquisas realizadas pelo Departamento Nacional baseadas no fórum de Tecnologia da Informação e, neste ano, em um grupo focal com importantes atores do mundo do trabalho na área de TI.

“Extraímos informação riquíssima para o desenvolvimento de itinerários formativos e cursos mais alinhadas as demandas do mundo do trabalho. E daí, a partir desses dados do fórum e dados de pesquisa realizadas, surgiu o Senac 4.0 que vem sendo desenvolvido de forma piloto nos estados do Núcleo de Desenvolvimento Corporativo do Nordeste, além de Goiás, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul” explicou.

Assim, o Senac DN atualizou os portifólios a partir de segmentos chaves de atuação institucional com foco na tecnologia da informação em oito verticais de TI: Data analytics; ciência de dados; Nuvem, gerenciamento de nuvem; Inteligência Artificial; Segurança da Informação; Desenvolvimento/Programação; Redes e infraestrutura; Governança e metodologias ágeis.

Ecossistemas

Estreando na CBTI, a coordenadora do Centro de Inovação da Fecomércio-BA, Maria Medeiros Faria, apresentou rapidamente o trabalho realizado no Estado para o amadurecimento dos ecossistemas locais de inovação em parceria com o Sebrae. No Brasil, 19 municípios participam do projeto, sendo três na Bahia: Vitória da Conquista, Feira de Santana e Lauro de Freitas. A ideia é conhecer cada um dos ecossistemas, mapeando os atores responsáveis por esse processo de maturidade, visando trabalhar posteriormente a governança, determinando plano de ação setorial.

“Eu fico cada vez mais empolgado com a nossa câmara, porque a gente percebe a efetividade dessas discussões. Somos complementares. A experiência de cada um acrescenta em outro regional”, ressaltou o coordenador da CBTI.

Queiroz também falou sobre a participação no Web Summit – maior conferência da Europa em tecnologias e inovação – que ocorreu em novembro, em Lisboa. Ele disse que o Rio de Janeiro está pleiteando sediar o evento em maio de 2023.

Inteligência artificial

No final de setembro, a Câmara dos Deputados aprovou o marco legal para o uso da inteligência artificial (IA) no Brasil. O projeto estabelece fundamentos e princípios para desenvolvimento e aplicação da IA no País, incluindo diretrizes para o fomento e a atuação do poder público no tema.

A deputada federal Luísa Canziani (PTB-PR), relatora do projeto e presidente da Frente Parlamentar Mista da Economia e Cidadania Digital, fez uma rápida explanação sobre o tema e disse que uma das agendas prioritárias do colegiado será a de garantir a aprovação no Senado. “Na inovação, não podemos tirar os olhos do futuro. Vamos defender os novos modelos de negócios”, disse a parlamentar.

A Divisão de Relações Institucionais fez um resumo dos projetos de lei em tramitação no Congresso que têm interesse direto com o setor. Já a Divisão Econômica apresentou o mapeamento das políticas públicas de fomento para acesso à tecnologia e inovação.

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