Sumário Econômico – 1677

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Destaques da edição:

Recuperação econômica com aperto monetário, mas sem exageros na alta dos juros – A recuperação da atividade econômica este ano está contratada, não é novidade. As revisões para cima de estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 são reflexos das medidas de estímulo e enfrentamento à pandemia, mas são também uma resposta positiva à maior imunização dos brasileiros e às expectativas mais elevadas para a atividade no segundo semestre. O cenário de retomada mais rápida da economia reforça o alerta aos riscos inflacionários, o necessário aperto na política monetária, porém com moderação no ritmo de alta dos juros.

Passados 17 meses de pandemia no País, os indicadores econômicos coincidentes, ou que olham a economia pelo retrovisor, mostram que alcançamos os níveis anteriores à crise sanitária na indústria, no comércio e nos serviços. E os indicadores antecedentes, ou aqueles que tentam antecipar decisões dos agentes, pintam um quadro mais colorido neste segundo semestre, e indicam desempenho econômico favorável em 2021.

Com a reabertura da economia e a retomada do setor terciário, os preços dos serviços vão pressionar ainda mais a inflação, e isso é aguardado. O mercado vem tentando identificar o momento em que esses preços se reajustarão. Já as cotações internacionais das commodities devem seguir elevadas neste e nos próximo anos, em razão do déficit existente nos estoques versus as necessidades da demanda.

A inflação passa a ser, novamente, o ponto de atenção na recuperação da economia doméstica, em que o aperto monetário se faz necessário, porém tem de ser muito bem calibrado com os juros neutros, sem exageros na dose.

Comerciantes mantêm forte otimismo em julho – A confiança do empresário do comércio tem alta de 11,7% em julho, a segunda consecutiva no ano após os cinco primeiros meses de queda. Na esteira do comportamento de junho, quando variou 12,2%, o nível de confiança voltou para a zona de satisfação, com 107,8 pontos, o que não acontecia desde março deste ano. Cada vez mais os empresários reconhecem que as condições econômicas passaram a ser favoráveis.

De acordo com a pesquisa desenvolvida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o indicador do patamar de confiança do empresário do comércio (Índice de Confiança do Empresário do Comércio – Icec) no corrente mês renovou tendência otimista verificada em junho, ascendendo num ritmo forte, também, sendo que, desta vez, em 11,7%.

Apesar de ser o menor componente do Icec (81,5 pontos), na passagem de julho contra junho, houve forte evolução do entendimento de que as condições econômicas recrudesceram. Dessa maneira, em julho, somou 35,8% o total de respondentes que tiveram a percepção de que a economia melhorou (um pouco e muito). Em junho, esse percentual chegou a 24,8%. Por conseguinte, em sentido adverso, se agora é de 64,2% a participação dos que reconhecem que a situação piorou (um pouco e muito); no mês passado, essa faixa cravou exatamente 75,1%.

Serviços voltam a atingir volume de receitas das vésperas da pandemia – Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços(PMS), divulgada em 13 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de receitas do setor de serviços cresceu 1,2% na passagem de abril para maio de 2021, já descontados os efeitos sazonais – maior taxa mensal para maio desde o início da pesquisa em 2011. Com esse avanço, o setor atingiu o mesmo volume de receitas verificado em fevereiro de 2020. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve variação de +23,0% – taxa influenciada pela baixa base comparativa de um dos momentos mais agudos da crise sanitária.

Para os próximos meses, a tendência é de que os serviços (inclusive o turismo) ganhem dinamismo, na medida em que os efeitos positivos da vacinação da população sobre a atividade econômica devem ficar mais evidentes. A CNC projeta avanço de 17,8% no volume de receitas do turismo em 2021, e, para o setor de serviços, a entidade prevê crescimento de 5,1% no corrente ano, em relação a 2020. Em ambos os casos, confirmadas as previsões, essas atividades registrariam as maiores taxas de crescimento desde o início da PMS.

Mudanças responsáveis no Mercosul  – Os presidentes dos países do Mercosul reuniram-se na semana passada para encerramento da Presidência argentina do bloco e início da coordenação brasileira no segundo semestre de 2021. O presidente Bolsonaro deixou clara a prioridade brasileira de perseguir maior flexibilização de regras, principalmente nas negociações de acordos com países terceiros e redução da Tarifa Externa Comum (TEC). Pelas regras do Mercosul, apenas são aprovadas tratativas comerciais bilaterais que não incluam redução da TEC, cobrada pelo bloco nas importações de outros países.

Sobre a TEC, o Brasil deseja redução linear nas alíquotas de cerca de 20% (10% de imediato e 10% no fim de 2021), mas o governo argentino quer preservar os setores sensíveis no país, e propõe um corte de 10% sobre 75% do universo de produtos na pauta de comércio.

A reforma na TEC é considerada acertada, assim como a revisão das listas de exceções à TEC, mas o desfecho aos setores produtivos tem de ser bem avaliado para evitar que se percam as conquistas em 30 anos de existência do Mercosul.

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