Sumário Econômico – 1621

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Pessimismo no comércio é um alerta para o fechamento massivo de lojas – A crise da pandemia da Covid-19 tem provocado perdas que superam R$ 150 bilhões no varejo brasileiro em pouco mais de dois meses. O volume de vendas do comércio ampliado caiu mais de 13% apenas em março, primeiro mês da crise humanitária, colocando em xeque um dos setores mais dinâmicos da atividade econômica. Ainda que haja maneiras alternativas de escoamento das vendas, como o comércio eletrônico e o delivery, o varejo no Brasil é bastante dependente da modalidade presencial. Com estabelecimentos fechados, o pessimismo se instalou entre os tomadores de decisão do varejo em maio: o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), produzido mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), chegou à zona pessimista. Apesar do índice ainda estar acima dos 100 pontos do corte de indiferença (120,5), quando se comparam os níveis de maio com os de março, a queda foi de 44 pontos. Apenas as expectativas para a economia tombaram 52,7 pontos nos dois últimos meses. A rápida deterioração das perspectivas dos comerciantes indica que não apenas as condições correntes estão muito ruins, mas que a economia, o comércio e o desempenho da empresa tendem a piorar nos meses à frente.

Inadimplência ainda não chegou para os bancos – O Banco Central anunciou uma medida no valor de R$ 1, 2 trilhão para apoiar as instituições financeiras, porém, até o momento, foram liberados somente R$ 260,2 bilhões, segundo dados atualizados pela instituição. Esses recursos são para os bancos privados poderem suprir eventuais perdas em suas operações de crédito, eles aparentemente também concedem aos bancos ganhos fiscais, como redução no imposto de renda. Os dados mais recentes do mercado de crédito mostraram estabilidade no saldo das operações de crédito do sistema financeiro em abril de 2020, relevando que essas instituições financeiras não aumentaram o seu nível de empréstimo como era esperado. As operações das pessoas físicas representaram a maior parte no saldo total, 56,6%, enquanto as pessoas jurídicas corresponderam a 43,4%. A redução mensal de 0,9% no saldo das operações das pessoas físicas foi ao encontro do crescimento de 1,2% nas operações das pessoas jurídicas. Para amenizar os efeitos negativos da Covid-19, o Banco Central intensificou sua estratégia de cortes na Selic. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a meta da Selic foi reduzida para 3,0%, o seu menor nível histórico. Esse efeito está sendo gradualmente repassado para as famílias, que verificam juros menores no mercado, no entanto essa redução não foi o suficiente para incentivar o crédito.  A possibilidade de aumento da inadimplência é outra expectativa preocupante do momento, dadas a instabilidade na renda e a preocupação com o mercado de trabalho. No entanto, os últimos números mostraram apenas um leve aumento nesse indicador. Os bancos estão recebendo bastantes depósitos, já que os agentes econômicos estão entesourando mais, devido às incertezas que estão passando. Logo, os bancos não podem alegar que não possuem recursos. Eles existem, mas também tem que existir a vontade de liberá-los.

Olhando para a frente também – A queda de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2020 significou acender uma luz de alerta diante do que se espera que poderá acontecer no segundo trimestre, quando a cor da luz será mais forte e vermelha, porque o tombo da economia entre abri l e junho deverá ser muito maior. As ações de combate ao coronavírus criaram um hiato profundo entre oferta e demanda, graças ao fechamento dos estabelecimentos comerciais e produtivos junto a medidas restritivas de deslocamento das pessoas nas ruas. Se a economia brasileira já se caracterizava como uma das mais desiguais, sairá dessa crise com maior exposição dos seus problemas. Problemas relativos ao desenvolvimento são solucionados com crescimento da economia. Quer dizer, o desenvolvimento é possível de acontecer quando houver crescimento. Nessa linha, o mercado espera para os próximos anos: +3,50% em 2021, +2,50% em 2022, e +2,50% em 2023. Imaginando que os cenários acima se concretizem, a situação poderá ser a seguinte: apenas no segundo semestre de 2023 vai ser possível o patamar de produção alcançar o nível de produção anterior à pandemia. Em outros termos, somente daqui a perto de três anos o nível de produto ficará próximo do de 2019. O enfraquecimento da economia leva o mercado a estimar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA) feche este ano em 1,57%. A possibilidade da retomada do crescimento nos níveis esperados a partir do ano que vem induz a esperança que os preços médios atinjam 3, 10% ano que vem e 3,50% tanto em 2022 quanto no ano seguinte. 
 

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