Endividamento segue crescendo entre as famílias de menor renda – O percentual de famílias que relataram ter dívidas (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) alcançou 67,5% em agosto de 2020, novamente a maior proporção da série histórica, mas com ligeiro aumento de 0,1 ponto percentual em relação aos 67,4% observados em julho, e de 2,7 pontos percentuais comparativamente aos 64,8% de agosto de 2019. O percentual de famílias com dívidas ou contas em atrasos aumentou de 26,3% em julho para 26,7% em agosto, atingindo a maior proporção desde março de 2010. Os benefícios emergenciais têm impactado positivamente o consumo, especialmente dos itens considerados essenciais, e auxiliado o pagamento de despesas, ainda que parcialmente, dentre as famílias de menor renda. Indicadores recentes têm mostrado que a recuperação gradual da economia iniciou-se a partir de maio e junho, mas ainda permanecem incertezas sobre a sustentabilidade da retomada no médio prazo, especialmente associadas ao cumprimento das metas fiscais. Deve-se considerar ainda que a proporção de consumidores endividados no País é elevada. Nesse sentido, é importante seguir ampliando o acesso ao crédito com custos mais baixos, como, principalmente, possibilitar o alongamento de prazos de pagamento das dívidas, para mitigar o r isco do crédito no sistema financeiro.
Operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional representam 51,1% do PIB – Dados mais recentes divulgados pelo Banco Central mostraram que o saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional aumentou 1,0% em julho de 2020 contra o mês imediatamente anterior, após aumento de 0,8% em junho. O saldo total dos empréstimos e financiamentos alcançou o valor de R$ 3,7 trilhões no último resultado, representando 51,1% do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em julho deste ano, a variação foi de +11,3%, 6,2 pontos percentuais (p.p.) acima da variação de +5,1% observada no mesmo período em 2019. Corroborando com essa taxa positiva e mais intensa, em relação à comparação anual, no acumulado do ano até julho, houve um avanço de 5,4% no crédito. O maior crescimento no mês foi na atividade de cartão de crédito rotativo, com +1,3 p.p., e a maior queda foi em aquisição de veículos, com -0,3 p.p. Já em relação a julho de 2019, o cartão de crédito rotativo foi a principal categoria com aumento, com taxa 4,5 p.p. maior, e o crédito pessoal foi a única com estabilidade. Na comparação com o final do ano passado, os destaques foram o cheque especial, com redução de 1,2 p.p. em sua inadimplência, e o cartão de crédito rotativo, com aumento de 2,1 p.p. no indicador.
Turismo: ainda falta muito para recuperar – Subproduto da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) levantada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE) , o Iatur (Índice das Atividades Turísticas) de julho registrou aumento de 4 , 8% contra junho. Na passagem do mês , a variação acabou ajudando no resultado da PMS, que ficou em 2 ,6%. A alta de julho do Iatur consistiu na terceira taxa sucessiva positiva mensal observada a partir de maio (7,0%), depois de ter atingido o histórico aumento de 21,4% em junho. A permanência no ritmo de crescimento pela terceira vez deveu-se, sobretudo, à melhora nas vendas dos serviços típicos das atividades turísticas com as medidas de flexibilização social e a abertura dos estabelecimentos de serviços. Também é importante considerar o delivery como alternativa para as vendas, assim como o acesso a linhas de crédito como fôlego extra para a sustentação do negócio. Apesar do relativo otimismo que a sequência de três taxas positivas mensais pode representar para contribuir para traçar o comportamento do setor do turismo ao longo deste ano, quando se muda a base comparativa, o que se obtém é o registro de taxas bastante negativas. Isso acontece porque a recessão configura-se muito profunda, atingindo com contundência os serviços turísticos, dada a natureza não essencial das atividades, as quais guardam relação de dependência com folgas no orçamento e com gastos de lazer. Assim, a deterioração do mercado de trabalho, com a queda da renda, conspira em favor da lentidão da recuperação do setor.
Mudança no comportamento do consumidor pós-pandemia – O novo estilo de vida, consequência da pandemia, trouxe novas rotinas à vida da população e uma grande corrida das empresas para se adaptarem à nova realidade. Companhias que eram digitais cresceram abundantemente no período do isolamento. As empresas que estavam se desenvolvendo no processo digital foram impulsionadas e aceleraram o processo de digitalização e se tornaram multicanais. Com isso, estão trilhando com mais facilidade entre o mundo off-line e on-line. A pandemia trouxe dois efeitos: as pessoas que não utilizavam meios eletrônicos e passaram a utilizar e as pessoas que já utilizavam o recurso digital e agora usam de forma mais intensa. Adequar os negócios à dinâmica cliente e empresa e às modalidades de serviços mais buscadas torna-se ainda mais necessário no momento de pandemia, em que as transformações são inevitáveis.
Contratação de energia elétrica – Segundo afirmação do presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, o nível de contratação de energia elétrica das distribuidoras deve ficar dentro do limite regulatório em 2021. A expectativa é fruto da melhora do consumo de energia com a flexibilização das medidas de isolamento social para conter o novo coronavírus e dos resultados alcançados nos mecanismos de descontratação de energia. Fruto dos impactos negativos da pandemia do novo coronavírus na economia brasileira, o tema da sobrecontratação foi um dos principais problemas enfrentados pelas distribuidoras em 2020. Anteriormente, a Câmara previa que a sobrecontratação de energia deste ano ficaria em 16% (ou 116%). Com a recuperação da atividade econômica, em razão da flexibilização das medidas de isolamento social, a nova estimativa para este ano gira entre 8% e 9% (108% e 109%), sinalizando uma redução das perdas das concessionárias. Os dados da CCEE apontam que houve uma estabilização no consumo de energia entre julho e agosto, ficando no mesmo patamar de 2019, e que a tendência para setembro é que a demanda por energia supere a verificada no ano passado. Além da melhora na economia, um fator por trás da sinalização de aceleração do consumo é a elevação das temperaturas em várias regiões do País.