Vencendo a crise – 2010

Compartilhe:

APRESENTAÇÃO
O ano de 2009, no Brasil, foi fortemente marcado pela crise mundial iniciada nos Estados Unidos e que aqui chegou a partir de outubro de 2008. Após o colapso financeiro do Banco Lehman Brothers, veio à tona a enorme “bolha” de trilhões de dólares que estava agasalhada nos chamados empréstimos “sub-prime”, que
inundaram o mercado norte-americano com impagáveis títulos hipotecários. À insolvência dos bancos, seguiu-se uma crise de confiança, que se estendeu às Bolsas de Valores e Futuros e paralisou o sistema bancário. Assim, o primeiro impacto da crise mundial sobre a economia brasileira ocorreu a partir do corte dos financiamentos às exportações, através dos adiantamentos de contratos de câmbio (ACC), em um montante de cerca de US$ 50 bilhões. O segundo impacto veio da retração do comércio internacional: entre setembro e dezembro de 2008, as exportações mundiais caíram 17,8% e as do Brasil 21,8%. O efeito mais pronunciado veio da China, que reduziu drasticamente as quantidades e os preços das exportações brasileiras de minérios, petróleo, soja, celulose e muitos outros produtos. A crise de 2008 adentrou pelo primeiro trimestre e, para se ter uma visão da gravidade da crise, basta assinalar que no quarto trimestre a produção industrial no Brasil, sofreu uma queda de 10,6%. Somente no mês de dezembro/2008, perderam emprego 654.946 mil trabalhadores brasileiros. O Governo brasileiro agiu rápido e corretamente, utilizando parte das reservas cambiais para repor as linhas de ACC, liberando cerca de 40% dos depósitos compulsórios dos bancos e, paralelamente, acionando todas as fontes de recursos orçamentários, do FAT e do FGTS para expandir os empréstimos industriais do BNDES, imobiliários da CEF e rurais do Banco do Brasil, além do apoio às instituições financeiras de pequeno e médio porte. Paralelamente, o Ministério da Fazenda coordenou um extenso programa de reduções fiscais para estimular a demanda de bens de consumo duráveis, tais como automóveis, geladeiras, fogões, máquinas de lavar, aparelhos de ar-condicionado e outros. Os resultados se fizeram sentir a partir de abril deste ano: a agricultura recuperou-se e a indústria voltou a crescer rapidamente, puxada pela indústria automobilística, que caiu 37,3% no quarto trimestre de 2008 e expandiu 21,8% no segundo trimestre de 2009. O comércio, incluindo serviços e turismo, foi o setor menos afetado pela crise e, de forma significativa, talvez o fator mais importante para refazer o clima de confiança e impulsionar a produção industrial e a criação de empregos. Ao final deste ano de 2009, é possível afirmar que o Brasil venceu a crise. A partir de agora, voltamos aos problemas tradicionais, que afligem, permanentemente, a vida dos brasileiros, quais sejam a corrupção, a burocracia, a demagogia política, a falta de verbas que compromete a eficiência da infraestrutura, a taxa de juros básica mais alta do mundo, a taxa de câmbio supervalorizada e o desequilíbrio fiscal que alimenta a dívida pública interna e responde pela carga tributária sem paralelo entre os países emergentes. São problemas para longo prazo. No curto prazo, o importante é registrar que saímos da crise. Nos textos que formam esta coletânea, a exemplo do que vimos fazendo desde 1993, encontram-se os pronunciamentos com que procuramos refletir o pensamento do comércio sobre os grandes problemas nacionais.

Leia também

Scroll to Top