A atividade turística tem que ser boa para os visitantes, mas ainda melhor para os moradores dos destinos. Neste artigo, o presidente do Sistema CNC-Sesc Senac, José Roberto Tadros, mostra que está em curso uma transformação do setor que vai beneficiar a todos.
Um turismo exercido de forma mais consciente, sustentável, inclusivo e socialmente responsável pode, e muito, contribuir para a preservação ambiental, como também para o desenvolvimento socioeconômico dos destinos. Afinal, sem um ambiente bem cuidado e preservado, diminui-se o interesse pela atividade turística.
Em todas as etapas de implementação e funcionamento do turismo, deve-se incorporar práticas que potencializem os impactos positivos e diminuam os negativos, causando o menor dano possível ao ambiente natural. Tanto que 85% das empresas consultadas pela CNC afirmam praticar ações de proteção ambiental, segundo a pesquisa Retrato da Sustentabilidade nas Empresas do Comércio, Serviços e Turismo, realizada em 2023.
A mudança vem do cliente/consumidor, mas também das empresas e dos destinos, que percebem que a atividade turística tem que ser boa para os visitantes, mas ainda melhor para os moradores dos destinos. Segundo estudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, 69% dos viajantes estão procurando ativamente opções relacionadas ao turismo sustentável.
O que a CNC percebe, ao longo de estudos e debates sobre o tema, é que quanto mais o turista está em contato com a natureza, conhecendo os parques nacionais, por exemplo, mais se preocupa com a conservação. Daí a importância de ampliar as parcerias público-privadas para áreas de conservação, como no exemplo bem-sucedido do Parque Nacional do Iguaçu.
Com o impulsionamento dos critérios ESG pelo mercado de capitais em suas avaliações financeiras, as práticas sustentáveis estão crescendo em diversos segmentos da economia e no turismo não é diferente. O setor, intensivo em mão de obra, lidera o entendimento da sigla ESG (em português, ambiental, social e governança), conforme dados da CNC. Nos empreendimentos do turismo, a sustentabilidade ganhou mais relevância nos últimos anos para 63,2% dos negócios. A implementação da agenda representa oportunidades e ganhos para cinco em cada dez dos tomadores de decisão consultados.
Diversas práticas e diversos programas, como o Programa Aventura Segura (PAS), que existe desde 2006, exemplificam o compromisso do setor em promover a sustentabilidade. A Estratégia Nacional de Destinos Turísticos Inteligentes (DTIs), do Ministério do Turismo, é outro exemplo, buscando transformar municípios em espaços inovadores e sustentáveis.
O Movimento Vai Turismo (https://vaiturismo.com.br), liderado pela Confederação, é uma iniciativa nacional que envolveu mais de 320 instituições, levantou demanda em todos os estados e no Distrito Federal, e apresentou propostas de políticas públicas em áreas como inovação, sustentabilidade e acessibilidade. E, pela primeira vez no País, tivemos o turismo presente em 100% dos planos de governo dos eleitos em 2023.
O nosso Hotel-Escola Senac Barreira Roxa é reconhecido como único na América Latina que executa um Sistema de Gestão Sustentável certificado ISO 21401:2020 – Sustentabilidade em Meios de Hospedagem. Os resultados são expressivos, 60% de redução na utilização da energia da concessionária local, 38% na redução do consumo de papel, 18% de redução do resíduo orgânico. Houve diminuição de 12% na pesagem do enxoval encaminhado à lavanderia, recebimento do Selo Azul da Água, e a adesão de 52% dos colaboradores do hotel nas ações sociais promovidas. Os insumos utilizados nos cardápios são predominantemente regionais e oriundos de pequenos produtores.
Já o Hotel Sesc Porto Cercado integra o Sesc Pantanal, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com 107.996 hectares, localizado no Mato Grosso. É uma importante iniciativa do Sesc, participando da política nacional de conservação da biodiversidade, ao proteger significativa parcela do Pantanal, e, entre outros, recebeu o XIII Prêmio Hugo Werneck de Meio Ambiente e Sustentabilidade. O projeto promove a recuperação da riqueza natural de áreas no Pantanal e foi premiado na categoria Melhor Exemplo de Mobilização Social.
Não podemos deixar de citar o debate em torno do desenvolvimento sustentável da Amazônia, com a conciliação dos fatores ambiental, social e econômico para integrar, de forma definitiva, essa porção continental do território brasileiro ao desenvolvimento do País. E o turismo, sem dúvida, tem muito a contribuir para isso. O Sesc no Amazonas recebeu o selo Empresa com Consciência Limpa, concedido pelo Instituto Soka Amazônia em parceria com a Fundação Rede Amazônica. O projeto visa ampliar as áreas de conservação da natureza no Estado do Amazonas e gerar reflexão sobre as soluções e alternativas que podem colaborar com a preservação da biodiversidade das espécies. Com esses exemplos é possível entender que os empreendimentos se diferenciam e são reconhecidos por investir em sustentabilidade, o que amplia a longevidade dos negócios.
Por fim, cabe mencionar a questão climática. Ela está influenciando a conscientização dos consumidores e pressionando empresas e governos a adotarem práticas mais sustentáveis. A situação é de atenção para o setor, já que a atividade turística é impactada de maneira direta pelos fenômenos climáticos.
