Salvador: destino para empreender

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por Kelsor Fernandes, presidente do Sistema Fecomércio-BA

A nossa capital acabou de completar 475 anos. Um momento de reflexão para mim, mais um entre tantos empreendedores, vindos do interior, que aqui enxergaram um terreno fértil para empreender, enfrentando os percalços naturais a quem opta por construir o seu próprio negócio. No meu caso: sem sócios, com poucos recursos e cuidando de todas as áreas possíveis da empresa. Assim iniciei, em 1991, a minha jornada no ramo imobiliário, a qual sigo até hoje.

Olhando para trás, não dá para comparar a Salvador onde me defrontei com tanta burocracia, e a capital de hoje, cujo tempo médio para a abertura de uma empresa é de 4 horas. É claro que a tecnologia transformou o ambiente de negócios, sempre em parcelas positivas e negativas, numa simbiose própria do capitalismo. Hoje o empreendedor dispõe de medidas que simplificam muitos processos, mas se depara com uma concorrência avassaladora e a necessidade diária de inovar para sobreviver.

Dona de 50% do PIB do Estado, Salvador sempre foi uma “cidade terciária”, onde o comércio de bens, serviços e turismo impera na economia, gerando a maioria dos empregos. Nesse grupo, o segmento de serviços lidera a criação de postos de trabalho, segundo dados do Caged/MTE de 2023. São os salões de beleza, consultorias, corretoras, petshops, lavanderias, enfim as prestadoras de serviços são as protagonistas do crescimento.

Para se ter uma ideia, de acordo com dados do IBGE, analisados pela Fecomércio-BA, este setor na Bahia fechou o ano passado com aumento de 6,7%, num acréscimo acima da média nacional. Graças ao resultado, 2023 foi o melhor ano para os Serviços desde 2016.

Esse bom momento que vive a capital é reflexo também do novo boom turístico. Ainda segundo o IBGE, o Turismo registrou aumento de 11,4% em 2023, o melhor desempenho desde 2011. Tivemos, ainda, um Carnaval digno de entrar para história, com movimentação da ordem de R$1,2 bilhão no comércio.

O aquecimento dos negócios ainda se deve à tração dos programas municipais de apoio ao empreendedorismo. Um exemplo é o Invista Salvador, que inclui planos como o Revitalizar, com foco na ocupação dos imóveis do Centro Antigo. A Política Municipal de Inovação é outra iniciativa positiva ao conectar as startups aos incentivos da Lei da Inovação.

Ainda temos muitos gargalos a superar nessa cidade que tão bem me acolheu, quando cheguei de Alagoinhas, em busca das oportunidades que até hoje estão restritas às capitais. Aqui iniciei meu negócio, família, filhos, hoje meus sócios. Como empresário aprendi a ser resiliente e otimista, acreditando que Salvador, no ápice dos seus 475 anos, é um destino certo para empreender.

*Artigo de Kelsor Fernandes, presidente do Sistema Fecomércio-BA, veiculado no jornal Correio, no dia 04 de abril de 2024

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