Apresentação
Em 16 de julho comemora-se oficialmente, desde 1953, o DIA DO COMERCIANTE. Dia que assinala o nascimento de José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu, patrono do Comércio brasileiro. Cairu não foi um homem de negócios, mas colocou sua imensa cultura jurídica, histórica, econômica e humanística a serviço da construção de uma economia liberal no Brasil, onde não tivessem espaço os monopólios, as proibições contra determinadas atividades da indústria humana, garantidas as condições indispensáveis para os empreendedores exercerem suas atividades promovendo o Bem Comum. Desde seus primeiros livros combateu o grande monopólio, o monopólio colonial que mantinha os portos do Brasil fechados ao comércio mundial, atrelada sua economia aos interesses exclusivos da Metrópole. As ideias que disseminou e a participação que teve na Abertura dos Portos, em 1808, contribuíram para a inserção efetiva do País nos mercados mundiais, sopro inovador que teceu relações econômicas mais complexas e, ao longo do tempo consolidou a consciência nacional de que o Brasil não poderia mais regredir à condição de Colônia. Em 1956, a Confederação Nacional do Comércio e a Administração Nacional do SENAC instituíram concurso para premiar monografias sobre a vida e a obra de José da Silva Lisboa, obtendo o primeiro lugar o trabalho de Elysio de Oliveira Belchior. O autor, que desde então participa como economista da vida desta Entidade, conjugando economia e história procurou traçar o perfil do Visconde de Cairu, ressaltando que embora seja ele até hoje, ao sabor de ideologias, figura polêmica no mundo das ideias e da ação política, não se lhe poderá jamais negar o caráter de defensor de um liberalismo econômico que reconhece a ação do Governo, a exemplo das realizadas para estimular iniciativas, reprimir abusos quando a ação dos indivíduos atenta contra a lei ou a moral pública, e promover a defesa, ocupação e subsistência do povo. No ano em que se completam cinco séculos da abertura de um porto seguro para o primeiro encontro de civilizações na Terra de Vera Cruz, vale ressaltar a vida de quem concorreu para a abertura dos portos do Brasil não apenas ao comércio, mas também a novos encontros de civilizações e ideias. A Confederação Nacional do Comércio, por isso, reedita a monografia, que apesar de seus quarenta anos não perdeu a oportunidade, nesta aurora do Terceiro Milênio, época de globalização e de redução dos limites da intervenção do Estado na economia, tendências que suscitam as mesmas discussões e problemas para os quais o Visconde de Cairu procurou soluções há quase duzentos anos.