O Senado comemorou nesta segunda-feira (18) os 110 anos da implantação do Ensino Técnico Profissionalizante no Brasil, com a realização de uma sessão especial. A iniciativa foi do senador Paulo Paim (PT-RS), ele mesmo ex-aluno de uma escola técnica em Caixas (RS).
— O Estado tem papel fundamental na área da Educação. A educação técnica e profissional reduz custos, melhora a qualidade e aumenta a fidelização dos trabalhadores à empresa. A educação age como fator de inserção social. É um equívoco querer destruir ou desconstruir o ensino técnico e profissionalizante. O caminho certo é ampliar o ensino técnico. É a única forma de combatermos a pobreza. Sonho em um futuro termos em cada favela uma escola técnica — afirmou Paim.
As primeiras escolas de formação de aprendizes foram criadas a partir do Decreto 7.566, de 1909, do presidente Nilo Peçanha (1867-1924). Entre janeiro e outubro de 1910, foram abertas 19 Escolas de Aprendizes Artífices em 19 estados. Hoje elas se somam às escolas técnicas do Sistema S e os institutos federais de ensino. Há quase 600 municípios atendidos, tendo sido formados mais de 76 milhões de alunos.
Sistema S
O Sistema S é composto por nove instituições: o Serviço Social da Indústria (Sesi), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Social do Comércio (Sesc), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Serviço Social do Transporte (Sest), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Gustavo Leal, diretor do Senai, destacou a influência do modelo alemão, que serviu de base à implantação dos primeiros cursos de formação profissionalizante no Brasil e se dedica à formação técnica voltada às necessidades da indústria.
— O Senai é voltado ao atendimento do mercado. Oferecemos diversos cursos técnicos, de tecnólogos, de engenharia, até mesmo mestrado e doutorado em áreas técnicas. Nossos alunos e alunas saem quase todos já com seu emprego, dado ao reconhecimento de seus cursos. Da implantação de uma usina hidroelétrica à construção de uma fábrica de celulose, o Senai prepara os profissionais que irão trabalhar nessas instalações — disse Leal.
Tomas Dias Sant’Anna, representante do Ministério da Educação, frisou que há 41 instituições da rede federal de ensino técnico, com 661 campi. E são mais de 11 mil cursos, com quase 1 milhão de alunos matriculados, formando a rede de educação gratuita.
Acesso de jovens
Por sua vez, Monica Rosenberg Guimarães, representando a CNI e Senai, explicou que há 28 setores industriais que contemplados com a formação de técnicos. Já Antônio Henrique Borges Paula, do Senac, lembrou que quando se compara os índices de formação profissionalizante do Brasil com os da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), metade dos jovens desses países têm acesso ao ensino profissionalizante. No Brasil, disse, são apenas 10%.
— As mudanças por avanço tecnológico são muito traumáticas, especialmente aos mais velhos. Por isso, a contínua educação profissional é tão importante no mundo em transformação.
Nesta mesma linha, Nicole Goulart, do Sest/Senat/CNT, explicou que as mudanças tecnológicas estão acabando com diversas profissões ou especialidades. E mencionou o caso dos trocadores de ônibus.
— Estamos trabalhando a requalificação dos trocadores para se tornarem motoristas. As mudanças tecnológicas estão acabando com essa profissão e temos de requalificar essa mão de obra de maneira que possam continuar a produzir — afirmou.
A sessão solene teve a presença de diversos alunos de várias escolas técnicas, que representaram diversos cursos ministrados pelo país.
Fonte Agência Senado