OIT avalia desafios da força laboral no mundo

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Representantes de governos, empregadores e trabalhadores dos 185 Estados membros da Organização Internacional do Trabalho (OIT) reuniram-se em Genebra, na Suíça, entre os dias 28 de maio e 12 de junho, para a 103ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho.

Representantes de governos, empregadores e trabalhadores dos 185 Estados membros da Organização Internacional do Trabalho (OIT) reuniram-se em Genebra, na Suíça, entre os dias 28 de maio e 12 de junho, para a 103ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho.

Este ano, os empregadores brasileiros foram representados pelo vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre Furlan. Na qualidade de representantes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), participaram dos trabalhos da Conferência Gil Siuffo, vice-presidente Financeiro da entidade; Josias Albuquerque, vice-presidente Administrativo; Pedro Nadaf, diretor-secretário da CNC; Luiz Gastão Bittencourt da Silva, 3º diretor-secretário; os diretores Alexandre Sampaio de Abreu, Edison Ferreira de Araújo e Marco Aurélio Sprovieri; Patrícia Duque, chefe da Divisão Sindical (DS) da CNC; e Lidiane Nogueira, advogada da DS.

Durante o evento, os delegados discutiram questões referentes à migração de trabalho e a transição da informalidade para a economia formal; às estratégias do emprego; ao fortalecimento da Convenção nº 29 da OIT, que dispõe sobre trabalho forçado; e à aplicação das convenções e recomendações da Organização.

Um dos pontos abordados foi o contexto e os desafios da crise mundial de emprego. “Cerca de 200 milhões de pessoas estão desempregadas no mundo todo, sendo que, desse número, aproximadamente 40% são mulheres e jovens. O ambiente para investimentos e negócios permanece incerto, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e o subemprego persistem, além do fato de que a transição da escola para o trabalho está levando muito tempo, desconectando muitos jovens do mercado”, afirma Patrícia Duque.

Migração de trabalhadores

Guy Ryder, diretor geral da OITA exploração da mão de obra de trabalhadores imigrantes foi um dos assuntos que estiveram na pauta da Conferência da OIT. O diretor-geral da entidade, Guy Ryder (foto à esq.), manifestou preocupação com o crescimento da migração, frequentemente associado aos trabalhadores mais vulneráveis. Segundo ele, cada vez mais pessoas estão atravessando as fronteiras em busca de emprego, fazendo-se necessária a adoção de políticas públicas em resposta à globalização, às mudanças demográficas, aos conflitos, às desigualdades de renda e às mudanças climáticas.

Para o diretor-secretário da CNC e presidente da Fecomércio-MT, Pedro Nadaf, o evento da OIT é de fundamental importância para discussões que promovem relações mais dignas no mundo do trabalho. “Estima-se que há 232 milhões de trabalhadores imigrantes em todo o mundo que estão atravessando as fronteiras em busca de emprego e nem sempre se deparam, no País escolhido, com políticas que atendam as suas expectativas. Isso representa 3,1% da população global”, afirmou Nadaf em artigo publicado no jornal mato-grossense A Gazeta.

Brasil: destaque em empregos formais

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, discursou no plenário da OIT no dia 9 de junho. Em sua fala, o ministro ressaltou que o Brasil está prestes a atingir a marca de cinco milhões de empregos formais com carteira assinada gerados nos últimos quatro anos, além de uma mínima histórica de 4,6% na taxa de desemprego registrada em dezembro de 2013.

Manoel Dias também afirmou que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) está implementando ações estratégicas, como o novo Sistema Único de Emprego e Trabalho Decente, e a ampliação de programas de qualificação profissional, como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Já para Alexandre Sampaio, a contratação de curtíssima temporada deveria compor a agenda da próxima reunião da OIT. “A contratação de curtíssima duração é uma realidade mundial para muitos setores da economia, como o turismo. Por isso, precisa ser levada à discussão na OIT. A regulamentação será positiva para empregados e empregadores e, inclusive, vai ajudar a reduzir a informalidade. É oportuno que esse assunto entre na pauta internacional”, explica Sampaio.

Comitiva da CNCTransição para a formalidade

Sobre a mudança para a formalidade, a Conferência da OIT adotou o relatório da Comissão e aprovou a proposta de elaboração de uma recomendação para facilitar a transição do informal para a economia formal.

(Na foto ao lado, integrantes da comitiva da CNC: os diretores Edison de Araújo e Luiz Gastão Bittencourt; Josias Albuquerque, vice-presidente administrativo; e  Gil Siuffo, vice-presidente financeiro)

Para os representantes, a transição da informalidade para a formalidade deve ocorrer de maneira gradual e progressiva, uma vez que a formalização deve se dar como um processo, e não como um acontecimento. Também entenderam que são necessárias reformas no sistema tributário dos países, estimulando as empresas a gerar empregos sustentáveis, e que deve haver uma modificação na economia de mercado, assim como mudanças políticas e institucionais que melhorem o ambiente de negócios.

Não houve consenso no que se refere à inclusão de temas como cadeia produtiva (supply chain) e terceirização (subcontracting) no texto da recomendação. Os atores sociais acordaram, então, que o texto em relação ao qual não houve acordo ficaria entre parênteses e retornaria para exame nas Comissões no ano que vem, na continuação da discussão sobre a transição da economia informal para a formal. Foi sugerido, também, que os Estados membros da OIT promovam debates sobre o tema ao longo deste ano.

Erradicação do trabalho forçado

A Conferência decidiu pela adoção de um protocolo para reforçar a luta contra o trabalho forçado em todo o mundo. Foram 437 votos a favor, 8 votos contrários e 27 abstenções. O protocolo é respaldado por uma recomendação, que também foi votada, tendo obtido 459 votos a favor, 3 contra e 12 abstenções.

O protocolo, que complementa a Convenção nº 29, sobre trabalho forçado, tem normas gerais que visam esclarecer questões e suprimir lacunas da convenção, como, por exemplo, a questão atinente ao tráfico de pessoas. O documento reforça esse marco legal internacional ao introduzir novas obrigações relacionadas à prevenção do trabalho forçado, com a proteção das vítimas e o acesso a compensações, por exemplo, no caso de danos materiais ou físicos.

A recomendação, por sua vez, oferece diretrizes técnicas para sua aplicação, estabelecendo como os governos e as empresas devem implementar o protocolo.

Os pontos principais da 103ª Conferência da OIT foram abordados no relatório elaborado pelos representantes da CNC no evento, que está disponível para consulta na Divisão Sindical da CNC.

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