Estudo exclusivo
Impactos Econômicos das BETS
Mais de 1,3 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes
Introdução
Em 2018, foi aprovada a Lei nº 13.756, que autorizou no Brasil as apostas esportivas, que ficaram conhecidas como bets. Desde então, o tema vem crescendo, e outros tipos de apostas começaram a ganhar espaço e caíram no gosto popular.
O Volume Financeiro das Bets vem crescendo a taxas alarmantes
Entre junho de 2023 e junho de 2024, os consumidores gastaram cerca de R$ 68,2 bilhões em apostas, valor que representa 0,62% do PIB, 0,95% do consumo total e 22% da massa salarial.
O perfil dos apostadores sinaliza um risco para o país
Dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) mostram que o futebol é a principal modalidade nas apostas on-line esportivas, com público majoritariamente masculino.
Cassinos on-line, como o Jogo do Tigrinho, é a segunda modalidade mais popular das apostas pela internet, com público majoritariamente feminino (60% de mulheres contra 43% de homens).
A grande popularidade do Jogo do Tigrinho com o público feminino é ainda mais preocupante, pois tende a ter efeitos piores do ponto de vista social, uma vez que benefícios sociais são pagos, preferencialmente, para as mulheres. Assim, o vício em jogos de azar desse público pode ter efeitos perversos sobre pobreza e desigualdade.
O grau de confiança é alto sobre as plataformas Bets
O principal canal de atualização dos apostadores são as redes sociais: 70% desse público as utilizam.
O impacto sobre as famílias
Considerando somente o primeiro semestre do ano, os cassinos on-line colocaram 1,3 milhão de brasileiros em situação de inadimplência, retirando R$ 1,1 bilhão do consumo do varejo nacional.
O impacto sobre o varejo
O setor varejista brasileiro vem desempenhando bem em 2024, embora aquém do que era esperado para o ano. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ajustou a projeção de crescimento do setor de 2,2% para 2,1%, devido a esse desempenho menos robusto nos seis primeiros meses.
Levando-se em conta o elevado comprometimento da renda das famílias com apostas on-line, os impactos sobre o varejo brasileiro são atualmente incertos, mas possuem um potencial de reduzir em até 11,2% a atividade varejista, diminuindo em R$ 117 bilhões o faturamento do setor por ano.
Os cassinos são importantes atividades econômicas nos países onde são regulamentados, gerando emprego e renda. Por isso, a CNC apoia a sua regulamentação, considerando que são uma importante atividade para o desenvolvimento do turismo brasileiro.
A regulamentação dos cassinos pode gerar 1 milhão de empregos diretos e indiretos, além de aproximadamente R$ 22 bilhões em arrecadação de impostos por ano. Considerando apenas o Jogo do Tigrinho, o montante pode ser entre R$ 4 bilhões e R$ 12 bilhões em impostos, mas sem geração de empregos formais para o País.
É importante ressaltar que cassinos reais geram emprego e desenvolvimento, enquanto o Jogo do Tigrinho gera dívida para as famílias e desemprego. Assim, a CNC não é contra os cassinos, e sim contra os cassinos on-line, que não geram valor para o País.
De acordo com dados do Balanço de Pagamentos, o valor pago pelos apostadores em taxas de serviço totalizou R$ 28,4 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2024 – 9,8 vezes mais do que o observado há dois anos.
Balanço de pagamentos: despesas com serviços culturais, pessoais e recreativos; e entrada líquida de prêmios oriundos do exterior em R$ milhões
Segundo levantamento da CNC, mesmo num ambiente econômico de queda da
taxa de juros na ponta ao consumidor, a quantidade de famílias que registraram
contas em atraso tem apresentado tendência de avanço ao longo de 2024.
Famílias brasileiras com contas em atraso - % do total
De acordo com estimativas da entidade, o aumento significativo dos gastos dos
brasileiros com apostas on-line poderá produzir impactos relevantes sobre o nível
de inadimplência das famílias. Pelas contas da CNC, cada aumento de um ponto
percentual no fluxo de gastos com apostas induz uma avanço de 0,118 ponto
percentual na quantidade de famílias com contas em atraso.
Como houve avanço de 257% no fluxo desses recursos, em relação ao fim de 2022,
a Confederação projeta um aumento de 3,9% na quantidade de famílias
impactadas. Ou seja, mais 191 mil famílias.